Com o acelerar da transição digital, muito por culpa da pandemia, a mudança de paradigma em matéria de competências tornou-se mais que óbvia. Estima-se que 90 % dos empregos em praticamente todos os setores exigem já algum nível de competências digitais, contudo os números oficiais revelam-nos que aproximadamente 40% dos europeus ainda não possuem competências digitais básicas! Para contrariar tal cenário foram definidas diversas metas, por exemplo, até 2030 pretende-se alcançar a cifra dos 20 milhões de especialistas em TIC e um mínimo de 80% da população europeia dotada de competências digitais básicas.
Quer isto dizer que: ponto um - temos um longo caminho pela frente neste domínio, mas para o qual existem recursos financeiros por força do PRR e do quadro financeiro plurianual 21-27; ponto dois - vamos precisar, mais que nunca, dos professores para este trabalho de capacitação digital, ainda que este grupo profissional se depare com graves problemas, como a falta de recursos humanos e o envelhecimento dos seus ativos, resultante da perda de atratividade por uma carreira à qual o país não terá dado a devida importância.
Professores, formadores, técnicos e dirigentes escolares são elementos-chave para se garantir uma educação de qualidade, com programas curriculares e práticas pedagógicas inovadoras, capazes de assegurar aos estudantes as competências necessárias para se afirmarem numa Europa cada vez mais competitiva e exigente face aos desafios da "nova" economia digital e sustentável do espaço europeu. Nada disto será possível sem professores inspirados, confiantes e realizados profissionalmente. Por isso, a Comissão Europeia tem reafirmado a necessidade de revalorização dos profissionais de educação, o que implica, entre outros aspetos, a possibilidade de usufruírem de apoio ao longo das suas carreiras e de interagirem com os seus pares em projetos e redes além-fronteiras. Como tal, no âmbito do Espaço Europeu da Educação, prevê-se a criação de 25 Academias de Professores Erasmus+ até 2025 para estabelecer redes de instituições de formação de professores, associações de professores e outras partes interessadas, o reforço de mobilidades no âmbito do programa Erasmus+ e a implementação do Prémio Europeu do Ensino Inovador para dar amplitude e visibilidade ao trabalho criativo desenvolvido pelas comunidades escolares.
Para concluir, uma breve referência a outro evento iniciado esta semana e que me parece, igualmente, ter passado algo despercebido. Com o sugestivo lema «Novos desafios para a coesão da Europa", decorre neste momento a 20.ª edição da "Semana Europeia das Regiões e dos Municípios", cujo enfoque está centrado na dupla transição ecológica e digital, na coesão territorial e na capacitação dos jovens. Se na edição transata, em 2021, atingiu-se um número recorde de quase 18.000 participantes inscritos e 300 sessões ao longo de uma semana, este ano, num modelo híbrido (presencial-online), os números são promissores, constando do programa mais de 1000 oradores e quase 400 horas de conferências interativas. Aberto ao público, este evento é uma enorme oportunidade para aprendermos com os exemplos de boas práticas que por aí circulam e refletirmos sobre a forma como podemos preparar as regiões europeias para o futuro (incerto) que nos espera, mas para o qual não podemos ficar simplesmente sentados à espera que o comboio passe. As oportunidades constroem-se!