A organização deste evento é tripartida, entre a Liga Europeia de Bridge (EBL) que é o organismo governante na Europa (um pouco como a UEFA, no caso do Futebol), a Federação Portuguesa de Bridge (FPB) e a Associação de Bridge da Madeira (ABM), que também é responsável pela organização anual do Open Internacional de Bridge da Madeira cuja 25ª edição se realizará em novembro. E não fora a determinação desta última organização e a tenacidade do seu presidente Miguel Teixeira, teria sido movida para uma outra cidade ou região europeia.
Ao longo de onze dias, de 12 a 22 de junho, todas as manhãs por volta das 9:30, cerca de 800 participantes entre jogadores, capitães de equipa, treinadores, representantes federativos e staff, dirigem-se aos seus locais de jogo: No Casino da Madeira jogam as Seleções Nacionais Open (30 países) e as Seleções Nacionais de Equipas Mistas (22 países), enquanto que nas salas do Savoy Palace se disputam os Campeonatos de Seleções de Senhoras e Seniores (nascidos antes de 1959), com 19 países representados em cada uma das competições.
Às 10:00, em ponto, iniciam-se as quatro provas, em que as melhores jogadoras e jogadores da Europa jogarão exatamente os mesmos jogos, com as mesmas cartas, comparando-se os resultados obtidos em cada jogo para determinar quem serão os países Campeões Europeus ao longo dos próximos dois anos e quais serão as oito ou nove seleções europeias que participarão na Bermuda Bowl (os Campeonatos Mundiais) do próximo ano.
Antes de começar a ler este artigo, talvez não soubesse que neste momento decorrem, na Madeira, os Campeonatos Europeus de Seleções Nacionais de Bridge de 2022. Mas quem já saberá, certamente há mais tempo, são as centrais de reserva do Casino da Madeira e do Savoy Palace, bem como os proprietários e empregados dos restaurantes e bares do Funchal - não só nas imediações dos locais onde decorrem estes Campeonatos, mas também no centro da cidade - principalmente os de reconhecida qualidade.
Esta é uma das principais características de um evento de Bridge em todo o Mundo: quem participa não imputa um custo extra elevado para as entidades organizadoras, mas vem a expensas próprias ou das federações e clubes participantes e tem, na maioria dos casos, uma capacidade económica razoavelmente alta.
Há, como em quase todos os eventos internacionais, um evidente reforço de promoção turística, decorrente da visibilidade de um evento deste nível, mas também da promoção pessoal que 800 pessoas farão junto do seu círculo de amizades pessoais no regresso a casa e nas redes sociais (com centenas de fotografias partilhadas todos os dias) durante a estadia.
Mas, neste tipo de eventos, é também possível contabilizar um notável retorno direto e imediato: em termos de noites de hotel (em média 12 noites por pessoa), de refeições de maior valor acrescentado médio, de serviços turísticos e de ofertas para os entes queridos no regresso.
É por isso que considero que este tipo de eventos desportivos merece a atenção redobrada das autoridades que tutelam o desporto, o turismo e a economia, e que por vezes parecem um pouco alheadas destes detalhes.
Estas modalidades desportivas de participação, em que praticantes e acompanhantes são responsáveis pelas suas próprias despesas, e ao contrário de muitas outras vocacionadas exclusivamente para o espetáculo e cujo eventual retorno depende da vinda futura desses espetadores, são muito mais atrativas para a Região.
Nestes casos, os eventuais apoios públicos não se limitam a devolver e derramar dinheiro na economia local, mas devem ser encarados como um investimento (lucrativo) no turismo desportivo internacional, uma componente com capacidade de crescimento da nossa maior indústria exportadora: o Turismo.