Deste a sua criação em 1971, têm vindo a se afirmar como uma referência internacional, tendo recebido muitos reconhecimentos como o diploma Europeu para a Áreas Protegidas do Conselho da Europa ou a Classificação de Blue Park (anterior galardão Glores). Uma expedição liderada por Enric Sala, National Geographic, em 2015, considerou que o mar das Selvagens está entre os mais pristinos do mundo.
Atualmente a Reserva Natural das Ilhas Selvagens é a maior área marinha integralmente protegida de todo o Atlântico Norte, sendo uma clara demonstração da determinação do Governo Regional da Madeira (GRM) para a preservação dos Oceanos numa política clara e consequente no que se refere à política do mar. Nenhuma região e nenhum país da Europa ousou ir tão longe nas suas políticas de conservação dos mares como a RAM, mesmo existindo convenções e estratégicas europeias que assim o determinam.
As 3 ilhas que constituem o pequeno arquipélago das Selvagens, Selvagem Grande, Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora são um centro vivo da ciência, e através destes mares e território podemos aprender muito.
Para assinalar e comemorar os 50 anos desta Reserva, o Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM (IFCN) entidade gestora da Reserva, promoveu no mês passado uma expedição às Ilhas Selvagens com 40 investigadores, gestores e técnicos, de muitas instituições regionais, nacionais e internacionais. Foi a forma que o IFCN encontrou para chamar à atenção de todos, sobre a importância das Ilhas Selvagens e de todo o trabalho realizado ao longo destes 50 anos.
A equipa que foi multidisciplinar, marcada pela transversalidade e abrangência territorial, avaliou os habitats terrestres e marinhos. Abordaram 9 áreas de temáticas em terra e 12 no mar. Foram avaliados e inventariados grupos muito diversos desde os briófitos, moluscos e repteis terrestres, até aos campos de rodólitos que se encontram a maiores profundidades nos mares, passando pelas comunidades das zonas inter-marés, à fauna costeira e pelágica.
Como plataforma logística de apoio de todo este trabalho, foi utilizado o navio Santa Maria Manuela, veleiro, antigo bacalhoeiro que navegou ao sabor do vento reduzindo ao máximo a pegada carbónica da expedição que se prolongou por 7 dias.
A visão subjacente a esta expedição passou por olhar o passado, avaliar o presente e preparar o futuro.
Apontamos para a publicação do primeiro documento de monitorização até ao fim do corrente ano, onde os dados serão apresentados. Mas os dados preliminares são muitos satisfatórios, existindo mesmo a possibilidade de termos descoberto novas espécies para a humanidade.
O que se passa nas Reserva das Ilhas Selvagens demonstra como deve ser a política de Conservação da Natureza. Os resultados obtêm-se a longo prazo, mas com determinação, empenho, visão, arrojo, como tem tido o GRM. Neste campo as políticas têm de ser responsáveis e não populistas. Não há espaço para a demagogia como têm os partidos da oposição que à segunda, quarta e sexta são a favor da caça, dos caçadores e dos agricultores, mas que a terça e quinta são amigos do ambiente e da conservação da natureza defendendo o oposto que defenderam nos restantes dias da semana. Além disso, apenas se lembram da prevenção de incêndios rurais quando está calor e elevado risco de incêndio, ou do combate às invasoras apenas quando é bem visível o amarelo da giesta e da carqueja.
Da nossa parte iremos continuar a trabalhar para que a expedição dos 100 anos da Reserva das Ilhas Selvagens seja um sucesso.