Quantas demissões tivemos no nosso Governo Regional? Houve muita troca de cadeiras, mas demissões não. Contam-se pelos dedos das mãos as exonerações. Porque será? Razões não faltaram. Desde a criação de monopólios lesivos ao interesse público, à intempérie do 20 Fevereiro de 2010, à famigerada dívida da Madeira, ao despesismo e construção dos elefantes brancos pelas Sociedades de Desenvolvimento, ao escândalo, recente, de pedofilia no Conservatório. Na política nacional, muitas cabeças teriam rolado e muita tinta tinha corrido na imprensa. Aqui nem que chovam canivetes, ninguém se demite. Por cá, está tudo agarrado ao lugar.
Tirando o Dr. Alberto João mais ninguém se demitiu por estas questões. Demitiu-se duas vezes do governo, a primeira vez, em protesto pela Lei das Finanças Regionais, em 2007, para logo depois se recandidatar às eleições e reforçar a sua maioria absoluta. Seguindo-se com uma segunda demissão, desta vez sem volta e à força, após a estrondosa derrota nas autárquicas de 2013, tendo sido substituído na liderança do partido por Miguel Albuquerque.
A verdade é que não existe responsabilidade política que cole ao nosso governo, são mais repelentes às demissões do que as frigideiras teflon.
Demissões por espontânea vontade só a do secretário da Saúde, Manuel Brito, que nem chegou a aquecer o lugar, rapidamente percebeu que sem ovos não se fazem omeletes.
Do leque de remodelações governamentais, tivemos o secretário da Saúde, Faria Nunes, o secretário das Finanças, Rui Gonçalves, que saiu a meio do mandato, depois do mau resultado do PSD nas autárquicas e da recusa em abrir os cordões à bolsa do orçamento regional. A demissão de Sérgio Marques consta que foi potenciada pela sua inoperância no sector das obras públicas e, se há coisa na qual se pede eficiência nesta terra é na construção. Augusta Aguiar foi substituída porque Albuquerque disse querer melhorar o governo.
A verdade é que o único que admitiu ter sido demitido foi Eduardo Jesus que teve o despedimento mais polémico e controverso dos governos de Albuquerque, enquanto secretário do Turismo e Transportes.
Acabou expulso, à falsa fé, após ter tentado acabar com o monopólio da operação portuária na Região. Com certeza, no pior e mais vergonhoso ato de gestão de Miguel Albuquerque, que nesse momento deitou por terra qualquer perspetiva de renovação no PSD/Madeira para quem ainda tinha alguma ilusão nessa matéria.
Posteriormente, Eduardo Jesus, acabaria readmitido no governo, não sem antes engolir um sapo do tamanho do Porto do Caniçal. Que até hoje, continua a ser explorado sem concurso público e de graça.
A verdade é que no continente, os ministros e secretários de Estado são demitidos quando fazem um mau trabalho e deixam mal o país. Aqui na Madeira, é ao contrário, quando servem os interesses do povo é que são expulsos.
Aqui está a prova da importância da imprensa livre, da massa crítica e de uma oposição forte, coisa que tem desvanecido ao longo dos anos na Madeira, por perseguição do poder político, económico e judicial. Deixando-nos à mercê de toda a sorte de arbitrariedades que acabam incólumes e impunes.