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Artigo de Opinião

12/09/2023 08:00

Primeira: cronistas pagos por cargos

Em vésperas de eleições regionais as páginas dos matutinos diários da região, são inundadas por cronistas dos diversos quadrantes políticos, muitos deles com interesses pessoais, quer seja por promessas de "tachos", quando saírem os resultados das próximas eleições, quer por fazerem parte das próprias listas. O deterioramento intelectual nestas páginas, durante os dias que correm, é demasiado notório em que muitos destes cronistas partilham a tão famosa cartilha, palavra que surgiu em voga da lama que é o futebol português, algo que não será de estranhar, já que o mundo político de hoje assemelha-se a mais a um fanatismo clubístico que outra coisa, em que jotas, casas do povo, funcionam como verdadeiras claques.

De louvar a posição do Nuno Morna, cronista, o político não sei, arrisco dizer que devemos ter alguns pontos convergentes no posicionamento e muitos divergentes na filosofia política, que quando a peixaria da campanha eleitoral saí à rua, o cronista sai de cena, que houvessem mais assim, e talvez o deterioramento intelectual fosse menor.

Segunda: cartazes políticos

O PSD-Madeira, apresenta um homem só, atual presidente, com o slogan "SOMOS MADEIRA". É eficaz, de facto é melhor ser um espetáculo de um homem só, o problema é no slogan "SOMOS MADEIRA", parece que falta um asterisco para depois mencionar em letras pequenas, "tirando Ponta do Sol, Santa Cruz, Machico, Porto Moniz, e às vezes Santana", mas a culpa disso de certeza que é do Costa ou do CDS.

PS-Madeira, conseguiu a proeza de ter um upgrade em termos de pelugem ao último candidato, este apresenta uma barba. O sorriso pepsodente, imagem de marca do partido, nem com "o voto que muda a Madeira", conseguem derrotar o partido patrocinado pela pepsodente.

JPP, "conta com a vossa confiança", se não forem irmãos, caso contrário é complicado. A CDU foi mais poupada nos cartazes, fez uma reciclagem dos últimos e siga para bingo. O PAN, mostrou que é o melhor partido a trabalhar no Photoshop, num instante mudou de líder. O Chega é aquele partido do culto ao homem, e aí de quem disser o contrário, André Ventura é candidato à liderança do governo regional, e apresenta ao seu lado uma marioneta, isto é de facto um partido com várias opções, em que ninguém sabe quem é o líder regional, mas o cartaz ao culto está presente, é tipo IURD.

Terceira: empresários da restauração

No dia que vos escrevo, domingo 10 de setembro, no outro matutino, vários empresários da restauração reclamaram da falta de mão de obra na mesma. Um diz que "as pessoas de hoje não estão dispostas ao sacrifício, querem equilíbrio na qualidade de vida, o trabalho passou para segundo ou terceiro plano", malditas pessoas que estão preocupadas em ter qualidade de vida, em vez de escravidão, malditas as pessoas que se preocupam mais com a sua família que o trabalho. Outro afirma que os boatos de "trabalhar na restauração é para escravos, é mentira" e que "quem trabalha na restauração recebe mais que um enfermeiro ou professor no início da carreira, porque este pessoal com gorjetas, com tudo, nunca recebe menos de 1.000 euros", bem primeiro ponto, gostaria de saber o que é com tudo, segundo é bonito ver que consideramos as "gorjetas" como parte da base de remuneração mensal dos trabalhadores. Segundo ponto, na tabela do Sindicato Independente de Professores e Educares, carreira docente 2022, não é apresentado nenhum ordenado líquido menor a 1.000 euros, se é suficiente, não, não é. Também a tabela salarial enfermagem 2023, apresentada pelo Sindicado dos Enfermeiros Portugueses, não apresenta nenhum valor inferior aos mencionados 1.000 euros, e não, não é suficiente. Às vezes convém pensar antes de falar.

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