Isaías nasceu por volta do ano 665 a.C., pertencia às classes dirigentes de Jerusalém, tinha entrada livre na corte do rei. No ano da morte do Rei Ozias (740 a. C.) conhece a sua vocação de profeta, devia ter uns vinte e cinco anos, quando assiste a uma cerimónia oficial no Templo.
Após este momento tudo desaparece da sua vista e o Templo transfigura-se e a presença de Deus torna-se visível. Assim penetra no mais secreto do Grande Deus do Céu e da Terra, contempla uma réstia da sua glória, a imagem majestosa que Deus cria na sua consciência. O profeta sente-se visitado, invadido até ao mais profundo do seu corpo e do seu espírito. Esta experiência transforma-o para a vida interior tal como o ferro mergulhado no fogo se transforma em brasa, ele contatou com Deus, viu o Senhor, é ele mesmo quem o descreve no capítulo VI do seu livro. Isaías pensava, a todo o momento ficar fulminado como aguentar o fulgor da santidade de Deus. Viu um serafim voar até o altar do incenso, com uma tenaz de ouro tira um carvão em brasa toca-lhe nos lábios dizendo: “Este fogo purificador tocou os teus lábios. A tua indignidade de pecador desaparece”. Este fogo provém do altar, participa na santidade de Deus. O profeta era o vidente que se vinha consultar para a resolução de casos pessoais, tornou-se um personagem oficial, o homem que falava em nome da divindade. Haverá ainda profetas neste século XXI? Certamente que há, como há de haver sempre, que todo nós conhecemos alguns “microfones” de Deus. Eles incomodam e perturbam e tudo farão para os fazer calar e até suprimir. Os verdadeiros profetas são indispensáveis ao mundo, são a sua consciência.
A profecia do “Emanuel”
Em Jerusalém a situação política é catastrófica. Os exércitos do rei de Damasco e da Samaria levantaram-se para ir cercar a cidade, querem obrigar Acaz a entrar na sua aliança contra o rei da Assíria. A sua pouca fé leva-o a pôr em pé de igualdade os falsos deuses dos outros povos com o Deus de Abrão e Moisés. Com esta expressão renuncia ao seu título de filho adotivo do Deus de Abrão e Moisés. Admite que se errei, o deve ao rei da Assíria.
Isaías não pode admitir tal derrota. Sente que Deus o impele a intervir de forma deslumbrante. Procura o rei Acaz e diz-lhe não é ele o dominador do Universo de todas as forças da natureza. Em nome de Deus, sou seu porta voz, dou-te a escolher que sinal queres tu que ele te dê o seu poder. Na sua hipocrisia, Acaz diz: “Não quero aceitar esse desafio”. Isaías diz a célebre profecia: “A jovem está grávida e dará à luz um filho a quem chamará “Emanuel” que quer dizer “Deus connosco”. Isaías declara que é por meio de uma criança que Deus salvará o seu povo. A jovem de quem se fala refere-se à Virgem Maria. A criança anunciada fala duma princesa que é Virgem. Quando os discípulos de Isaías refletem sobre esta profecia, vêm a figura do Messias o chamado “Deus connosco”. Esta criança terá um poder excecional de rejeitar o mal e escolher o bem. São Mateus no seu evangelho viu nesta passagem o anúncio de Jesus nascido da Virgem Maria “(Mt.,22,16).”
O mesmo se deve dizer da profecia do “Príncipe da Paz”, do novo David e da Pedra Angular. Ao apóstolo Simão Pedro, escolhido para seguir a obra de Jesus, o Senhor deu-lhe ao fazer uma confissão de fé: nós acreditamos que vens de Deus (Jo.6,69). “Tu és o Cristo, o filho de Deus Vivo “. (Mt.16,16).