MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Geógrafo / Colaborador Europe Direct Madeira

25/05/2023 08:00

A avaliação quase unânime dos espectadores é que se tratou de um evento que foi além da "simples" música. Foram momentos de magia e boa atmosfera, onde a cor, a luz, e muitos pequenos detalhes foram meticulosamente pensados, de forma a garantir um verdadeiro espetáculo. Mas não menos importante, pelo menos para mim, foi constatar o esforço da banda em promover o conceito de ecoevento, na medida daquilo que era possível, sem fundamentalismos ou falsas modéstias.

Não tenho elementos que me permitam assegurar que todas as boas intenções da banda tenham sido bem-sucedidas, mas estou convicto que não se tratou de mais uma operação de greenwashing, como tantas vezes vemos por aí. A consciência ambiental e os alertas claros para os grandes desafios ambientais do planeta foram elementos muito positivos que merecem ser referenciados.

E sejamos muito pragmáticos: ainda que a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu se desdobrem em múltiplas iniciativas e apelos em torno da necessidade de mudança de comportamentos em prol da sustentabilidade, as vozes dos Chris Martin's desta vida têm um eco muito especial que não pode ser desvalorizado, muito menos, ignorado.

A crise climática que enfrentamos é um desafio demasiado complexo que requer novas e criativas abordagens, onde todos são poucos para se alcançar a neutralidade climática que justamente ambicionamos.

E nesta matéria, há que reconhecer a existência de importantes progressos. Se, no passado, a defesa do ambiente se resumia a um conjunto de apelos e boas intenções, hoje já todos percebemos que a existência de compromissos vinculativos para todos Estados-Membros é um elemento indispensável para o sucesso das políticas e programas de mitigação dos impactos ambientais. E, goste-se ou não do método, temos todos de perceber que a adaptação às alterações climáticas passa obrigatoriamente por alterações substanciais do nosso estilo de vida. Seja por "imposição" legislativa, seja pela ação voluntária e consciente, caberá a cada um escolher a forma como quer agir e contribuir para uma Europa mais verde.

Uma coisa é certa: vivemos em democracia (um dos valores fundamentais do projeto europeu), o que garante a qualquer cidadão a possibilidade de exprimir a sua opinião em assuntos do seu particular interesse. Choca-me, porém, a recente tendência (particularmente expressiva em determinadas faixas etárias) de manifestações radicais, mais ou menos organizadas, em prol do ambiente. É perfeitamente legítimo, e até louvável, que alguém se manifeste livremente em defesa do ambiente e dos valores que lhe estão associados. Mas vandalizar obras de arte, invadir museus, grafitar paredes e causar distúrbios na ordem pública ultrapassa os limites do razoável. Percebe-se que atrair a atenção dos media constitui uma etapa crucial do processo. É preciso fazer ruído. Mas não à custa do vandalismo e do desrespeito pelas regras básicas de convivência em sociedade. Alguns dirão que é a única forma de conseguir lá chegar, mas não creio que seja realmente assim. Essa será, quanto muito, a forma mais rápida de garantir protagonismos que, não raras vezes, nem sequer são merecidos!

A democracia e a liberdade, entre outros, são valores extraordinários que nos caracterizam enquanto europeus, mas é preciso saber fazer o correto uso dessas benesses que foram arduamente conquistadas.

Por outras palavras: é preciso respeitar, para ser respeitado!

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