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Artigo de Opinião

1/02/2022 08:00

No plano da tática eleitoral, a sua estratégia resultou e provou-se que tinha razão ao preferir ir a eleições, em vez de acatar por muito justas que fossem, a meu ver, as reivindicações da CDU e do BE. Arriscou e venceu. Sempre considerei que o
desejo de mudança estava empatado com o desejo de estabilidade e que seria uma disputa renhida, não estava à espera de uma maioria absoluta do PS. Fez-se o voto útil à esquerda. E as sondagens contribuíram decisivamente para isso. O medo de uma governação à direita com o Chega e a Iniciativa Liberal, pesou na balança ao ponto de dar maioria absoluta a António Costa.

Curiosamente, enquanto PS "secou" os partidos à esquerda, a votação usual do PSD diluiu-se pelos vários partidos da direita.

A verdade é que o BE e a CDU estavam numa encruzilhada, após os maus resultados das eleições autárquicas. O eleitorado deu-lhes um sinal claro para reverem a sua estratégia de apoio ao PS. Não podiam continuar a suportar o governo sem perder a sua identidade reivindicativa. Foram presos por ter cão e por não ter. Foram penalizados pelo apoio ao governo e foram igualmente punidos com chumbo do Orçamento de Estado de 2022. Apesar de acreditar que a longo prazo vão beneficiar do distanciamento do PS.

O Chega e a IL, como já se previa, acabaram por engolir o CDS/PP, para todos os efeitos um partido fundador da democracia. Que deu a machadada final para este desfecho, ao entrar em guerras fratricidas.

A IL foi sempre um partido que passou entre os pingos da chuva sem se molhar, sem ter a devida conotação daquilo que realmente significa para o país. Camuflado, pelo discurso bélico do Chega, tornou-se o novo partido da moda. Sem sabermos se representam ao certo uma ameaça a direitos fundamentais, ainda não percebemos o quanto liberais são. Chega e IL são dois fósforos a arder, como tantos outros partidos emergentes, os próximos anos ditarão a sua longevidade.

O PAN depois dos desentendimentos internos e da campanha negativa que foi feita em torno das estufas da cabeça de lista, foi um feito terem conseguido um deputado. Graças à notável capacidade de argumentação da candidata.

A nível regional se existiam dúvidas que estas são umas eleições determinadas pela dinâmica nacional, já não as temos. De outra forma, não conseguimos explicar a pulverização de forças políticas com histórico de luta na Madeira para dar lugar ao Chega e à IL, partidos sem qualquer implementação no arquipélago. A continuar assim corremos o risco de ter no Parlamento Regional, em 2023, deputados completamente desconhecidos do eleitorado, assim como, acontece com os autarcas eleitos por estes partidos em vários concelhos da Madeira.

A reboque de António Costa, o PS manteve os 3 deputados pelo Madeira. Apesar do período conturbado que a estrutura regional se encontra, com um líder demissionário. Só o PSD/Madeira, conseguiu furar a tendência nacional, por ser um partido hegemónico na Região.

Por fim, o país perdeu representantes com grande valor humano, nomes como João Oliveira e António Filipe, da CDU, farão falta entre muitos outros. Mas como disse, sabiamente, Jerónimo de Sousa: "As vitórias nunca nos descansam, as derrotas nunca nos tombam". Uma lição para todos nós.

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