O início de mais um ano letivo, começa a azafama habitual inerente a esta fase. Os encarregados de educação e ou pais voltam à sua habitual rotina, o stress de voltar a transformar o seu carro num "Uber", o tempo torna-se mais finito, as tardes ficam mais curtas…
Passado alguns anos desde que deixei o ensino obrigatório, ainda vivemos um tempo em que se tem de comprar livros e material escolar, para algo que é obrigatório. Passado este tempo todo desde que deixei de estudar, ainda continuamos com programas no secundário em que se explicam os deveres enquanto cidadão, nomeadamente o que é a segurança social, as finanças, o que são impostos, coimas e etc… Algo com que, no dia-a-dia, todos teremos de lidar.
Muitos de nós comparamos sempre os nossos resultados com o ranking de Pis. Apesar de termos vindo a melhorar ao longo dos anos, a verdade é que ainda falta muito para alcançarmos os países nórdicos. Será que as nossas crianças são menos capazes que as nórdicas? Será que os nossos professores serão menos capazes que os nórdicos? Será que as nossas escolas são piores que as nórdicas? O que nos diferencia?
Essa é a questão, mas a resposta tenho a certeza que no Trivial é a resposta de "queijinho".
Temos vindo a adotar a estratégia de tudo digital, nomeadamente os livros, os pais estão satisfeitos, as crianças, pelo menos mostram satisfação. Mas será que melhoramos os resultados? Desde a década de 90 que a Suécia adotou a estratégia de informatizar a educação, mas, desde 2022, voltou atrás e voltou a investir, mais de 45 milhões, em livros impressos em contracorrente com parte da Europa. Num artigo da ministra Edholm, esta diz que foi uma grande experiência, mas que os recursos didáticos digitais, se usados corretamente, apresentam certas vantagens como combinar imagem, texto e som, contudo, o livro físico traz benefícios que nenhum ecrã pode substituir. Os pedagogos de lá explicam que os pais, professores e empregados têm a impressão de que os jovens passam a saber menos, apresentam menor capacidade de concentração, dedicam menos esforço a escrever bem, já que os programas corrigem. Esta informação é corroborada pelos resultados Pirls que demonstram que os alunos suecos do 4º ano têm vindo a pior no ranking da leitura, apesar de ainda estarem acima da média europeia.
Temos de competir e viver com os melhores!
Ainda em relação à educação, importa lembrar que começaram a partir aqueles que não ficaram nas instituições de ensino superior na Madeira, para o continente. Se antes o grande problema era o valor da viagem, algo que foi minimizado com muito empenho do Governo Regional, agora temos o problema de as residências universitárias não conseguirem responder e, pior, não existirem quartos ou aqueles que existem estão a preços proibitivos.
Em tempos sugeri que o Governo Regional adquirisse ou negociasse com o Governo da República espaços para residências dos estudantes madeirenses, se calhar até com os Açores para existir espaços a preço a custos controlados e com a realidade do nosso país. Essa seria uma solução que permitiria a todos os nossos estudantes continuarem o seu sonho! Parafraseando Camões, mudam-se os tempos, mudam as prioridades.