Esta informação faz parte da atualização do portal Infocursos, que geralmente é realizada antes da abertura do concurso nacional de acesso ao ensino superior, de modo a apoiar os estudantes nas suas escolhas.
Pena é que se quebra, assim, uma tendência de melhoria (em ambos os indicadores), que, aliás, se vinha verificando evolutivamente desde 2015, segundo revelam os dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES). Torna-se, portanto, sempre de inesperada tendência saber quando se retorna, em que termos e com que dimensão, por forma a permitir uma recuperação aconselhável.
Em concreto, no abandono, o MCTES em nota divulgada pelos media destaca que o número de estudantes, que abandonam o ensino superior ao fim do primeiro ano, foi relevante nos cursos técnicos superiores profissionais tendo-se também verificado nos demais ciclos de estudo, ainda que de modo mais ligeiro.
Uma das metas da Estratégia Europa 2020 foi aumentar para, pelo menos, 40% a percentagem de jovens dos 30 aos 34 anos com um diploma de ensino superior. Os dados disponibilizados no Eurostat até 2019, para os diversos países da União Europeia, mostram que esta meta foi alcançada nesse ano (40,2%). Desde 2011, Portugal teve um acréscimo de 12,9 pontos na percentagem de jovens adultos com o diploma do ensino superior. A evolução deste indicador, apesar de irregular nos últimos anos, vem demonstrando, apesar de tudo, uma evolução positiva e pode dizer-se que tecnicamente acabou por ser atingida entre nós em 2020.
Mas, Portugal, mantém ainda um défice de qualificações ao nível de educação superior que esta irregularidade ajuda a compreender. Na verdade, poucos países terão uma diferença tão acentuada, quanto Portugal, entre o número de estudantes inscritos no ensino secundário e aqueles que acabam por ingressar num curso superior.
Querer convergir com os referenciais internacionais, significa para Portugal um investimento crucial, particularmente apostando na prioridade aos sistemas de educação e formação, fazendo mesmo coincidir os discursos políticos com efetivas opções de política educativa e afetação dos recursos. Indiscutivelmente, este desígnio, conecta-se com o objetivo da coesão social. A este propósito, de resto, parece existir também aqui um largo consenso. Falta concretizar. Paradigmaticamente, é o mesmo amiudadamente repetido de muitas maneiras e por muitos.
Obviamente, que em todo este cenário, que vamos assistindo, a coesão social é central e assenta num consenso que exprime itens de solidariedade socioeconómica.
Urge, contudo, como já neste espaço de reflexão aludimos antes -em abono da propalada convergência nos discursos- materializar.
Apontar, entre outras, metas no sentido de: como reduzir as bolsas de pobreza, sobretudo nas nossas cidades; como atenuar as discriminações socioeconómicas das minorias; como assegurar uma rede eficiente de escolarização, que responda aos ainda existentes índices de abandono escolar precoce -que os efeitos da pandemia podem ter feito aumentar-, tal como a igualdade de acesso e condições de plena adesão à literacia, à escolarização de todos, assim como aos meios digitais no ensino (independentemente da sua condição); um renovado estatuto de trabalhador-estudante, que assegure efetivas condições de trabalho e estudo permitindo integrar os trabalhadores numa grande classe média com benefícios e regalias iguais; além de um sistema de segurança social que não deixe ninguém desprotegido.
Eduardo Alves escreve
à segunda-feira, de 4 em 4 semanas