O dilúvio recorda-nos diversas inundações que se conservaram na memória dos povos, devido a chuvas torrenciais e ao degelo no fim de épocas glaciares. Nalgumas escavações na Mesopotâmia encontraram-se sinais de uma grande inundação entre os rios Tigre e Eufrates, 3.500 anos antes de Jesus Cristo.
Muitos anos antes da Bíblia ter sido escrita, já existiam narrações de dilúvios, que diziam ser inveja dos deuses para com os homens e da vingança contra aqueles seres humanos que negavam servi-los de boa vontade.
A “Epopeia de Gilgamesh”, na tabuinha 12, descreve com muitos pormenores do dilúvio, sendo o seu herói Uta- Napisdehtim, o Noé da Bíblia. A deusa Ea que vivia em Shuruppak, deu a ordem a um homem de Shuruppaqak para destruir a sua casa e construir uma arca, abandonar as riquezas, porque teve conhecimento que os deuses tinham resolvido destruir o mundo com um grande dilúvio.
Este desastre aconteceu na Mesopotâmia, tendo Uta-Napisdehtim respeitado todas as ordens da deusa. Este desastre aconteceu na Mesopotâmia entre os rios Tigre e Eufrates,1.700 anos antes de Jesus Cristo, quando a Epopeia de Gilgamesh já tinha a sua forma definitiva.
Esta tradição já era conhecida em Ur da Caldeia no tempo de Abraão, como aos descendentes de David e Salomão, devido ao contacto com a cultura, as lendas, mitos religiosos dos povos. Esta lenda representa um perigo para a fé do povo escolhido por Deus. Um autor conhecido por “yhavista”, instado por Deus resolveu contar essa lenda, retirando tudo o que podia prejudicar a fé do povo de Deus, mostrando que o dilúvio tinha sido um castigo pelos pecados dos homens, para dar início a uma nova humanidade.
Foi devido à santidade de Noé que Deus o escolheu para dar origem ao povo de Deus, através de Abraão, descendente de Noé. Mais tarde no século VI antes de Cristo, uma “tradição sacerdotal” que conhecia a Yhavista, mostra que as águas do dilúvio demoraram a retirar-se, retornando à narração do dilúvio. São Mateus (Mt.24,36-44), escreve “Assim estai preparados porque o Filho do Homem virá na hora em que menos pensais.”
Aqui, como com os nomes de Adão e Eva, Noé representa mais um grupo do que um indivíduo singular, o texto fala do clã de Noé, que representa a humanidade. A narrativa do dilúvio é baseada num cataclismo histórico que transmite ensinamentos religiosos. Deixai os pormenores secundários como as parelhas de animais, o monte Ararat, é uma ingenuidade fazer expedições para encontrar restos da Arca. É mais útil mostrar na Arca a figura da Igreja que quer salva a todos de um mundo corrompido.
Ao sair da Arca, Deus manda que se multipliquem para repovoar a terra, Deus restabelece novas relações de amizade, Ele sabe que o homem está inclinado para o mal e vai recair no pecado, mas Ele continua misericordioso e cheio de bondade e amor. O Senhor continuará a respeitar a liberdade humana e não destruirá o ser humano. O Arco-Íris não é uma arma de luta, mas um sinal de Aliança entre o céu e a terra, um sorriso de Deus após a tempestade. Escreve o profeta Isaías: “No Meu amor eterno, diz o Senhor, tive piedade de ti. Será como no tempo de Noé quando jurei que as águas não mais submergiriam a terra” (Is.54,7-10).