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Artigo de Opinião

Nutricionista

6/06/2022 04:21

Nestas pesquisas, deparei-me com um tema muito pertinente: "O que é o prazer?". E, hoje, é este tema que quero "trazer à mesa"!

Mas então, o que é o prazer de comer?

Depende da forma como o vemos:

É algo que provoca uma sensação positiva constante ou é algo, momentâneo, como comer um, ou dois, ou três chocolates, à noite, depois do trabalho, quase todos os dias, e visto como uma ameaça porque o objetivo de perder peso fica pelo caminho?

Devemos procurar o prazer duradouro e autêntico e não o prazer ínfimo e destrutivo, ou seja, aquele que acaba, logo após comer o chocolate, pois, neste último, entra, a questão do vício e fome emocional!

Há importantes questões que devemos considerar e perguntar a nós mesmos, não numa perspetiva de culpabilização, mas sim de mudança:

- O prazer de comer o chocolate foi apenas momentâneo?

- Valeu a pena, em termos emocionais?

- Foi dormir satisfeito ou ficou a desejar mais?

- Culpou-se depois de comer?

- Sente frustração porque não consegue perder peso?

- Esse ato promoveu felicidade e boa disposição duradoura?

A realidade é que este tipo de prazer é gerado, muitas vezes, pelas nossas inseguranças, desejos reprimidos e ansiedade, e o mais provável é solidificarem-se como vícios!

Nas consultas ouvimos muitas vezes: "Não posso deixar de beber o café ou comer o meu bolo ou doce ou salgado, pois fico com falta de energia e muita fome e não consigo aguentar o dia ou dormir bem!"

Ter fome, não é desejar comer algo em específico. Ter fome é ter fome de comida, sem especificação do que possa ser! Este prazer de "não viver sem", é destrutivo, pois ao, mesmo tempo, que sacia momentaneamente, desequilibra, ao longo do tempo! Acabamos por não perceber o que é bom ou mau para nós! Pois então, com discernimento, reflitam!

A questão aqui, não é negar o prazer, mas sim, haver autocontrolo e definir qual é prazer que gera mais bem-estar!

Que saibamos escolher um prazer autêntico e duradouro, que nos dê segurança, que nos promova conexão connosco e com os outros, amor próprio e carinho, e que nos deixe satisfeitos todos os dias! Fazer uma caminhada, ler um livro, ver o sol ou, simplesmente, ficar em silêncio!

O prazer autêntico de comer, é muito mais que comer um chocolate! É cozinhar com amor para a família, comer um prato completo e saboroso, mastigando devagar e com calma. É conhecer os alimentos que comemos e os selecionarmos com cuidado! É partilha à mesa! É ser amante da comida sem que essa se torne vício compensatório!

Importante é, nos conhecermos e percebermos a mudança positiva que queremos na nossa vida!

O objetivo do nutricionista, não é, de todo, que continuem em consultas de nutrição, anos a fio! E, não é, prescrever planos de emagrece/engorda para que os seus pacientes continuem, interminavelmente, em dieta. Pelo menos não devia de ser!

O objetivo é e deve ser, dar conhecimento e instrumentos que permitam conhecer as individualidades no nosso próprio corpo para agir sozinho!

Não há ninguém que deva conhecer melhor o nosso corpo, que nós mesmos, certo? Só assim, podemos cuidar e ter mudanças duradouras de hábitos de vida.

Não existem mudanças positivas sólidas, sem antes colocarmos determinadas perguntas a nós mesmos, sem nos questionarmos sobre como nos sentimos a fazer determinada atividade ou ato na nossa vida. Por isso questione-se, se precisar peça ajuda e mude, devagar e com calma, mas mude!

Carina Teixeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas

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