Nestas pesquisas, deparei-me com um tema muito pertinente: "O que é o prazer?". E, hoje, é este tema que quero "trazer à mesa"!
Mas então, o que é o prazer de comer?
Depende da forma como o vemos:
É algo que provoca uma sensação positiva constante ou é algo, momentâneo, como comer um, ou dois, ou três chocolates, à noite, depois do trabalho, quase todos os dias, e visto como uma ameaça porque o objetivo de perder peso fica pelo caminho?
Devemos procurar o prazer duradouro e autêntico e não o prazer ínfimo e destrutivo, ou seja, aquele que acaba, logo após comer o chocolate, pois, neste último, entra, a questão do vício e fome emocional!
Há importantes questões que devemos considerar e perguntar a nós mesmos, não numa perspetiva de culpabilização, mas sim de mudança:
- O prazer de comer o chocolate foi apenas momentâneo?
- Valeu a pena, em termos emocionais?
- Foi dormir satisfeito ou ficou a desejar mais?
- Culpou-se depois de comer?
- Sente frustração porque não consegue perder peso?
- Esse ato promoveu felicidade e boa disposição duradoura?
A realidade é que este tipo de prazer é gerado, muitas vezes, pelas nossas inseguranças, desejos reprimidos e ansiedade, e o mais provável é solidificarem-se como vícios!
Nas consultas ouvimos muitas vezes: "Não posso deixar de beber o café ou comer o meu bolo ou doce ou salgado, pois fico com falta de energia e muita fome e não consigo aguentar o dia ou dormir bem!"
Ter fome, não é desejar comer algo em específico. Ter fome é ter fome de comida, sem especificação do que possa ser! Este prazer de "não viver sem", é destrutivo, pois ao, mesmo tempo, que sacia momentaneamente, desequilibra, ao longo do tempo! Acabamos por não perceber o que é bom ou mau para nós! Pois então, com discernimento, reflitam!
A questão aqui, não é negar o prazer, mas sim, haver autocontrolo e definir qual é prazer que gera mais bem-estar!
Que saibamos escolher um prazer autêntico e duradouro, que nos dê segurança, que nos promova conexão connosco e com os outros, amor próprio e carinho, e que nos deixe satisfeitos todos os dias! Fazer uma caminhada, ler um livro, ver o sol ou, simplesmente, ficar em silêncio!
O prazer autêntico de comer, é muito mais que comer um chocolate! É cozinhar com amor para a família, comer um prato completo e saboroso, mastigando devagar e com calma. É conhecer os alimentos que comemos e os selecionarmos com cuidado! É partilha à mesa! É ser amante da comida sem que essa se torne vício compensatório!
Importante é, nos conhecermos e percebermos a mudança positiva que queremos na nossa vida!
O objetivo do nutricionista, não é, de todo, que continuem em consultas de nutrição, anos a fio! E, não é, prescrever planos de emagrece/engorda para que os seus pacientes continuem, interminavelmente, em dieta. Pelo menos não devia de ser!
O objetivo é e deve ser, dar conhecimento e instrumentos que permitam conhecer as individualidades no nosso próprio corpo para agir sozinho!
Não há ninguém que deva conhecer melhor o nosso corpo, que nós mesmos, certo? Só assim, podemos cuidar e ter mudanças duradouras de hábitos de vida.
Não existem mudanças positivas sólidas, sem antes colocarmos determinadas perguntas a nós mesmos, sem nos questionarmos sobre como nos sentimos a fazer determinada atividade ou ato na nossa vida. Por isso questione-se, se precisar peça ajuda e mude, devagar e com calma, mas mude!
Carina Teixeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas