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Artigo de Opinião

6/12/2022 08:00

Isto de querer passar a ideia de que somos uma terra onde "emana o leite e mel", de nada serve, se ao sairmos à rua deparamo-nos com um toxicodependente/sem-abrigo em cada banco de jardim. O sentimento de insegurança intensificou-se e já ninguém consegue esconder a profunda rutura social no nosso arquipélago.

Ainda me lembro da primeira vez que ouvi falar no bloom, uma nova droga sintética que estava a ser comercializada numa loja na Rua das Aranhas e que estava a causar apreensão entre a população, isto, em 2012. Na altura era deputada na Assembleia Legislativa da Madeira e recordo-me de termos feito inúmeras iniciativas a exigir a proibição da venda da substância e o encerramento das lojas que operavam a atividade. Tentámos chamar a atenção, assim como, alguns órgãos de informação, para o problema social que estava iminente.

A proibição da existência das smartshops que vendiam estas substâncias psicoativas foi uma medida importante, por parte do governo, mas insuficiente. As drogas continuaram a circular pela internet e a sua fácil distribuição, sem consequências criminais para aqueles que dela fazem negócio, potenciou o consumo.

Não se combateu o problema em todas as frentes e, hoje, somos a região do país com maior tráfico e consumo de drogas sintéticas. Em grande parte, por causa do preço, bem mais barato do que as drogas convencionais. Na atualidade, é a principal causa da crescente violência no Funchal.

Os efeitos secundários e as sequelas destas novas drogas são bem mais graves que as ditas clássicas, com quadros psicóticos gravíssimos ao ponto de serem um perigo para si e para os outros. Muitos acabam sendo expulsos de casa, daí que o número de sem-abrigo tenha aumentado substancialmente, sobretudo, entre os jovens e mulheres, coisa rara, há 10 anos atrás.

Para eliminar ou reduzir drasticamente este flagelo social, não bastam palavras firmes e panaceias é preciso um investimento maciço do Governo em respostas com provas dadas. Só não sei como vão conseguir tal feito, se o tratamento psicológico e psiquiátrico é praticamente inexistente no Serviço Regional de Saúde. Não existem infraestruturas capazes de acolher e tratar estas pessoas, e muito menos dispomos de programas de inclusão e reintegração na sociedade.

A verdade é que o grosso do investimento público foi para o cimento, para alimentar as agendas eleitoralistas dos nossos governantes e a nomenclatura que o suporta. A aposta nas pessoas veio sempre em último lugar e, agora, em momento de necessidade não dispomos dos meios para combater os problemas que nos afligem.

Exigimos muito pouco dos nossos governantes e a fatura passados mais de 40 anos é elevadíssima...

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