Quando dormimos bem, não damos valor. Aliás, como em quase tudo na vida que corre bem. Raramente paramos para saborear o que temos de bom na vida e passamos a maior parte do tempo a correr atrás do que não temos. Infelizmente, quando damos por nós, perdemos alguma coisa. E em muitos casos, o sono.
Dormir mal tem algum problema? Há tantas pessoas a dormir pouco, porquê que tenho de me preocupar?
Na Europa cerca de um terço da população tem problemas em dormir. Não é por um grande número de pessoas ter dificuldade em dormir, que temos de aceitar que é normal ou saudável. Cerca de metade destas pessoas toma medicação para dormir melhor.
Dormir mal causa muitos problemas, para além da saúde mental. Quando dormimos mal aumentamos o nosso risco de adoecer. Estudos mostram que quem dorme mal, tem maior risco de adoecer, mesmo da simples e comum constipação. Por não ter um sono de qualidade, o nosso sistema imunitário não se regenera da mesma forma e adoecemos mais facilmente.
Uma má qualidade de sono foi também associada a um maior risco de desenvolver diabetes. Alguns estudos mostram também uma associação com a obesidade, sobretudo nas crianças e adolescentes. Quando a má qualidade de sono está associada a doenças como a apneia obstrutiva do sono, aumenta inclusivamente o risco para doenças cardiovasculares.
As doenças mentais são uma causa importante de problemas de sono e os problemas de sono, agravam as doenças mentais. Desde as doenças mais frequentes como a ansiedade, a depressão, bem como as outras mais graves, praticamente todas interferem e são interferidas pelo sono. No caso da doença bipolar é tão importante que é considerado um dos melhores sensores da probabilidade de novo episódio, sendo fundamental a sua estabilização.
Assim, dormir melhora o nosso sistema imunitário e a nossa saúde mental, sendo um importante fator de prevenção de doenças.
Se o sono é tão importante, que estratégias existem para melhorar o sono?
Apesar de muitas pessoas recorrerem a medicação para controlar o sono, não quer dizer que medidas comportamentais e ecológicas não possam ter tanta ou mais importância em restaurar o sono natural. É importante salientar que a maior parte da medicação prescrita deve ser tomada apenas até 4 semanas. Mais do que isso causa dependência, perde o efeito e causa problemas de memória e equilíbrio. Falo de medicamentos como o zolpidem (stilnox®), lorazepam (lorenin® ou ansilor ®), diazepam (unisedil®), bromazepam (lexotan® ou bromalex®), cloxazolam (olcadil® ou cloxam®), entre outros. Consulte o folheto informativo e fale com o seu médico sobre outras estratégias terapêuticas.
Também o café, os refrigerantes, os estimulantes de qualquer género, o álcool e as drogas são muito negativos para o sono e se parecer que ajudam a melhorar, apenas criam um ciclo vicioso de dependência e alteração da arquitetura do sono, com difícil recuperação.
Existem diversas e importantes ferramentas não farmacológicas para ajudar a melhorar o sono. Esteja atento ao texto da próxima semana para rever as que já conhece e com sorte, conhecer alguma nova!