A verdade é que estes profissionais desempenham um papel importante na área da Conservação da Natureza, que importa dar a conhecer. É isso que move o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) em promover estas comemorações e é isso que move o IFCN no investimento direto a estes profissionais, proporcionando melhores condições de trabalho, valorizando o seu trabalho cada vez mais exigente, na aquisição de novos equipamentos, na formação profissional e na valorização da própria Carreira de Vigilantes da Natureza. A este propósito o GR criou uma Carreira Especial de Vigilante da Natureza na RAM reconhecendo a especificidade e importância do seu trabalho, ao contrário do Governo da República no território continental que não obstante tantas promessas a estes profissionais ainda nada fez a este respeito.

Entre muitos outros trabalhos efetuados por estes profissionais, destaco o trabalho realizado em prol da ave emblemática Freira da Madeira (Pterodroma madeira), requerendo enorme esforço físico, uso de cordas e técnicas de alpinismo sempre que é necessário chegar aos seus ninhos. Destaco igualmente o trabalho efetuado na conservação do Lobo Marinho (Monachus monachus), principalmente nas Ilhas Desertas com o acompanhamento continuo na época de reprodução, que já resultou em salvamento de lobos marinhos juvenis.

Mas um dos trabalhos mais relevantes efetuado por estes profissionais são as suas permanências e estadias nas reservas das ilhas Desertas e das Ilhas Selvagens, estas últimas constituindo o ponto mais a sul de Portugal. Durante anos a fio, estes profissionais foram o garante da fiscalização daquelas ilhas, mas acima de tudo o garante da soberania portuguesa naquelas ilhas, pois constituíam a única presença humana nas mesmas.

O trabalho de resiliência, esforço, dedicação e sentido de missão destes profissionais nestas reservas, fica bem espelhado no percurso profissional do Vigilante da Natureza Especialista Jaques da Mata, que esteve ao serviço desde 1981, e que recentemente se aposentou sendo homenageado pelo GR no passado dia 2 de fevereiro. Este profissional que dedicou a sua vida às Ilhas Selvagens, teve de ultrapassar a solidão, o isolamento, e condições de trabalho distintas e únicas que não encontram paralelo noutras profissões. Teve de apanhar boleia numa traineira de pesca para poder vir casar à Madeira, permaneceu 77 dias consecutivos na Selvagem Grande tendo de sobreviver com os parcos alimentos que possuía. Mas este homem é conhecido a nível mundial, e o seu trabalho é reconhecido por todos. O seu trabalho alcançou várias gerações e ultrapassou mesmo vários ciclos políticos. Aliás Jaques recebeu nas Selvagens três Presidentes da República, Mário Soares (1991), Cavaco Silva (2013) e Marcelo Rebelo de Sousa (2016). É este legado que demonstra bem a importância do Vigilante da Natureza.

Agradeço a todos os Vigilantes da Natureza o seu trabalho ao longo dos tempos na defesa do nosso rico património natural, no contributo importante com os seus conhecimentos de campo para investigação científica e para a ciência.