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Artigo de Opinião

18/08/2022 08:00

Atualmente alguns de nós já têm filhos e netos. Como é que os educamos?

Somos pais cansados e os pais dos nossos netos ainda são muito mais cansados!

O cansaço da família, do trabalho, os maus horários, o tempo gasto em deslocações (casas mais longe) e tudo o que atualmente nos ocupa o dia, redes sociais, por exemplo.

Pais cansados, filhos mimados…

Basta ir a um hipermercado e observar.

A geração "rasca" cresceu com pequenos supermercados ou mercearias.

Os nossos filhos e netos têm hipermercados desde bebés, onde pedem coisas (atualmente a oferta é muita, 50 tipos de iogurtes).

Dizer não a um filho, implica estar bem! É desgastante e envolve muita energia.

As birras demoram a passar.

Os pais cansados dizem sim e calam os filhos!

Sim ao iogurte, sim ao gelado, sim ao brinquedo, sim ao comando da TV, sim ao tablet, sim à comida que gostam, sim ao sair à noite.

"Sim" cada vez mais cedo e vamos criando mimados…

Estas crianças vão se tornar adolescentes e depois adultos que não sabem resistir à frustração, porque os pais cansados não os conseguiram frustrar dizendo não!

As crianças não mudaram, o que mudou foi a sociedade que as rodeia. Os pais estão incluídos.

Vejo pais preocupados com o futuro dos filhos, desde a primeira infância. Esta preocupação começa na escolha da creche para lhes dar boa formação académica em vez de formação pessoal (brincar).

Tornam-se bons alunos e depois? Alguns nem conseguem partilhar um brinquedo, ou comer à mesa a mesma comida que o resto da família come.

Alguns tornam-se bons alunos, mas a saúde mental não é avaliada pelas notas!

Ouvi um dia destes um médico do Centro de Saúde do Porto Santo preocupado com a violência da noite associada a consumos de álcool e possíveis substâncias, a violência e os consumos excessivos são um sinal de falta de saúde mental.

E quem anda na noite?

Será que os pais cansados conseguem dizer aos filhos que só podem sair à noite quando tiverem idade?

Eu só ia a "matinés" para mais de 16 anos.

As crianças e jovens de hoje ("Geração do hipermercado") podem ter tudo a nível material, mas as necessidades básicas e emocionais não estão a ser respondidas. Há uma falha. Frustrar é tão importante como amar e cuidar de um filho/a!

Inventou-se que os jovens mudaram, que são diferentes dos jovens que fomos, talvez para justificar o nosso cansaço e assim sentirmos menos responsabilidade, porque genuinamente fazemos apenas o que conseguimos fazer.

A solução deste problema passa por atribuir mais tempo de qualidade aos pais.

O horário de trabalho tem de ser de 35 horas, para o público e para o privado. Temos de voltar aos 25 dias de férias!

Os pais e avós deviam de ter redução e flexibilidade de horário, pelo menos durante a primeira infância dos filhos/netos.

É preciso tempo para uma parentalidade saudável e responsável. Os mimados são de todas as classes sociais. Investir em tempo e condições para os pais é garantir saúde mental aos nosso filhos e netos. É poupar em Saúde Pública.

"As crianças precisam de muito tempo para aprenderem a crescer." Eduardo Sá

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