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Artigo de Opinião

Presidente da Câmara Municipal de Porto Moniz

17/08/2022 08:00

Se é verdade que as festas religiosas, acompanhadas de festejos profanos, proliferam por todo o país nesta época estival, também não é menos verdade que os madeirenses e os porto-santenses vivem os seus arraiais numa simbiose inigualável de fé e alegria.

Se a personalidade dos madeirenses e porto-santenses é, por si só, predisposta à fruição dos arraiais, a situação pandémica veio intensificar ainda mais a necessidade do salutar e alegre convívio entre familiares e amigos, em volta de um braseiro onde se faça a tradicional espetada e se brinde com a conhecida mistura/bebida de arraial.

No Porto Moniz, os arraiais distribuem-se por vários meses do ano, sendo aguardados pelos residentes e por muitos dos nossos emigrantes que deixam parte das suas férias para serem gozadas por altura da Semana do Mar ou do Santo Padroeiro da sua freguesia.

No Seixal celebra-se, logo em janeiro, o Santo Antão, como forma de encerrar o Natal (a nossa tradicional Festa), encerrando-se a quadra natalícia com o já tão conhecido e apreciado panelo.

Nesta freguesia, já no final desta semana, a Festa do Santíssimo Sacramento principia com a tradicional cabritada, um evento informal, organizado por um grupo de amigos seixaleiros, mas que dá uma particularidade especial a esta festa.

Em março, na Ribeira da Janela, o Dia da Freguesia celebra-se com a Festa de Nossa Senhora da Encarnação, revivida no verão, em pleno mês de agosto, para a ela se associarem os muitos emigrantes da freguesia que veneram a sua padroeira com profunda devoção e fazem questão de aos costumes da terra juntarem cantares e outras tradições das paragens onde organizaram as suas vidas.

Em julho, a Santa do Porto Moniz continua a festejar Santa Maria Madalena, sem as excursões de outrora, com muito menos barracas, sem os carros de choque e o poço da morte, mas sempre com a mesma fé e com olhares carregados de emoção nos dias de agradecer as graças alcançadas.

A 15 de agosto, nos Lamaceiros, a Senhora do Monte é homenageada, com simplicidade, mas com a religiosidade em evidência no desfile das regentes, no qual participam as poucas meninas do sítio, orgulhosamente acompanhadas pelos familiares que revivem, de forma saudosa, os tempos em que também participaram naquele cortejo que percorre os caminhos do sítio para a recolha das semilhas, oferecidas por quem durante o ano trabalhou a terra e guardou os melhores frutas para Nossa Senhora.

Ainda na freguesia do Porto Moniz, já quase no final no ano, a 8 de dezembro, numa antecipação da quadra natalícia, honra-se a Senhora da Conceição. Lembra-se, nesta pequena freguesia, a padroeira de Portugal, conforme proclamação de D. João IV.

Nas Achadas da Cruz, dança-se por alturas da Senhora do Livramento ou de S. José Operário, dança-se ao som de um "brinquinho" com a mesma alegria e energia que se dançaria ao som de um conjunto musical mais elaborado. Aliás, diga-se em abono da verdade que das coisas que mais distinguem os nossos arraiais dos de outras paragens são os brinquinhos, criados sem preparação, de improviso, com participantes de colar de rebuçados ao pescoço. Essa é a verdadeira essência do nosso arraial.

Pelo facto dos arraiais serem parte indissociável da nossa História, da nossa Cultura e das nossas raízes, no Porto Moniz a autarquia apoia estas manifestações que são, na sua maioria, de iniciativa das paróquias e dos paroquianos, mas que merecem ser acarinhadas por todos.

Para que se possa contar com o tradicional acompanhamento das bandas de música é concedido pela autarquia um apoio pecuniário às paróquias, complementado pela montagem de um palco propriedade do Município. É pouco dirão, algos alguns. Concordo mais com os que dizem que é um importante contributo para a preservação das nossas tradições e dos costumes que nos distinguem dos outros e que distinguem a nossa terra de qualquer outra.

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