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Artigo de Opinião

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17/08/2022 08:00

Escrevo este artigo de férias no Porto Santo.

Há alguns anos, a grande maioria dos madeirenses só tinha possibilidade de ir de férias até ao Porto Santo, eu não fui exceção e essa foi a minha primeira viagem de férias em que vim com os meus pais e ainda bebé. Não me recordo dessa viagem além das poucas fotos disponíveis. Mas recordo-me de uma, já com uns 7 ou 8 anos, e essa foi a melhor viagem em família que fiz enquanto filho.

Vir ao Porto Santo, fosse em barco fosse em avião, era um momento fantástico, apesar de ter que sentir os balanços do mar da Travessa, que não se muitos ainda se lembram desse topónimo muito nosso.

Os momentos de que me recordo enquanto criança são o da praia, o das lambecas, o do parque infantil à noite, já que era um sentimento de grande liberdade, o da volta à ilha, sendo que aí só me recordo de alguns miradouros e da Fonte da Areia.

Estes dias tento proporcionar aos meus filhos a mesma experiência que tive.

Estar no Porto Santo significa descansar, significa estar em família, é um dos melhores destinos de família, não se pode pensar que será uma Ibiza, nem pode ser comparável, porque o Porto Santo ainda é remanso e tranquilidade de qualidade humana e ecológica.

Os amigos portossantenses necessitam de ser acarinhados e terem todas as condições sociais, económicas e educacionais de qualquer pessoa que viva em Lisboa, não pode existir distinção entre portugueses. Logo manter este paraíso atlântico obriga a grandes investimentos. Já pensaram o que é, para ter que fazer "qualquer volta", necessitar de apanhar um avião ou um barco para ir ao território continental da outrora metrópole do país imperial do passado? É isso que um portossantense sente diariamente, mas não devia sentir.

Também os turistas, sejam esses madeirenses, continentais ou estrangeiros, procuram mais, desde a democratização das viagens aéreas no Mundo, e o Porto Santo é um paraíso a poucos minutos do continente europeu.

Nesta minha visita, ficamos tristes ao verificar que o apaixonante areal está em parte coberto de calhau, que alguns dos percursos emblemáticos como os picos e miradouros parecem quase abandonados, locais que necessitam ser acarinhados pelas entidades. Por exemplo, a Fonte da Areia pode já não ter aquela miraculosa água, mas não pode estar com árvores caídas outra segurada pelos fios de luz, plantas espalhadas pelo chão, tudo degradado. A Fonte da Areia é um local da memória coletiva, mas, mais do que tudo, transporta um grande simbolismo do povo portossantense.

Como cantava Max: Porto Santo é a joia mais antiga de Portugal, mas, para ela existir, necessitamos que os portossantenses sejam apoiados com os investimentos necessários para que vivam como qualquer português e que toda a sua atividade económica seja sustentável. Terá que garantir uma experiência única aos seus visitantes, não só contando com a iniciativa privada, mas que as entidades garantam trilhos, miradouros e outros tesouros da natureza à espera de serem descobertos por quem respeite o seu equilíbrio ambiental.

O Porto Santo não pode ser lembrado só como o nosso destino de férias, nem nas férias, mas como a ilha onde começou o Mundo que o português descobriu. Merece o nosso respeito e apoio no decurso de todo o ano todo. Ali está a mais extensa praia do País, com qualidades terapêuticas reconhecidas por quem tem competência para o fazer.

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