A taxa de pobreza, por cá, situa-se em cerca de 6 pontos percentuais acima da média nacional! Como bem definiu Edgar Silva, na Madeira "há ilhas de pobreza dentro da ilha", e basta percorrermos as zonas altas (longe do centro do turismo), os bairros da Nogueira, Malvinas e Santo Amaro, entre outros, para o confirmarmos.
E tudo isto numa terra onde os lucros milionários do sector turístico não páram de crescer, porém, sem qualquer contrapartida para a população ou para quem trabalha no sector, até porque os níveis de desemprego na região continuam elevados e os salários no sector continuam baixos.
A governação PSD, desde 1976, nunca foi capaz de reverter estes números e condições - a aposta social tem sido sobretudo por via da "caridadezinha" e de subsídios e apoios pontuais; nunca houve vontade (e coragem) política para se ir à raiz da pobreza que passa por investir em política de emprego (empregos bem remunerados e com direitos) e políticas de educação - a Madeira tem a segunda maior taxa de analfabetismo do país; tem a maior taxa de abandono escolar e apenas 16,5% da população tem o ensino superior. Na Madeira, ainda há mais de 10 mil pessoas que não sabem ler e escrever…
Com uma população idosa crescente e a inverter cada vez mais a pirâmide demográfica (até porque os nascimentos têm diminuído e a emigração jovem é uma realidade), as pensões são miseráveis (e mais uma vez, das baixas do país) - e não, não são só da pré-autonomia como nos querem fazer crer; na verdade são de contribuintes que trabalharam também depois de 1976.
Outro indicador da pobreza regional é o facto de cerca de 40% dos contribuintes madeirenses não pagarem IRS - portanto, basta imaginar que salário mensal têm estas pessoas, certamente a rondar o salário mínimo.
Ainda no relatório "Portugal, Balanço Social 2022", há uma outra observação sobre a "transmissibilidade da pobreza de pais para filhos". Face a isto, não é difícil concluir a origem da pobreza das novas gerações, cujos pais - repito, sob a mesma matriz governativa - também eles, com empregos precários e com baixa escolaridade, fatores cruciais para a ascensão social nas novas gerações.
Por cá, a aposta tem sido no enriquecimento de uns poucos - os mesmos e sempre "colados" ao poder - "que condenam (uma grande maioria da população) à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta". Tão atual, infelizmente, o Almeida Garret, que já nas Viagens da Minha Terra se questionava quantos pobres eram necessários para produzir um rico.