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Artigo de Opinião

2/05/2023 05:32

O que temos vindo a assistir desde que o Povo deu a António Costa uma maioria absoluta para governar Portugal parecia impensável, mas tem acontecido. Confusões sobre confusões, demissões em catadupa, histórias mal contadas e descoordenação generalizada.

Quando pensamos que mais nada nos pode surpreende, eis que o Governo consegue superar-se.

Um ministro, João Galamba, conseguiu realizar uma conferência de imprensa onde ao longo de 40 minutos tentou explicar um acontecimento digno de filme.

Tudo porque demitiu um membro do seu gabinete, que não concordou com a ideia de esconder umas notas que teria recolhido durante uma reunião - a tal reunião secreta da CEO da TAP com Carlos Pereira e onde esse adjunto foi representar o gabinete.

Assim, João Galamba desdobrou-se em direto num conjunto de explicações e justificações que mais pareciam o argumento de um filme de espionagem.

Explicou como à uma hora da manhã, um punhado de pessoas do seu gabinete estavam a trabalhar no ministério (coisa invulgar mas quem sabe são as horas a que o gabinete funciona) e perante a chegada desse adjunto que tinha sido demitido - para recolher um computador - se engalfinharam com este, para o travar.

Galamba descreveu como quatro mulheres de grande coragem, enfrentaram um "franzino" Hercules que, depois de ter entrado num edifício do Estado (suponho que pela porta, passando por um segurança) se queria apoderar de um computador.

Que, o referido "franzino" Hercules, agarrado pelas 4 mulheres, ameaçou de tal modo as presentes, que estas se barricaram na casa de banho, com medo de serem "engolidas" pelo aterrador ex-adjunto!

Alega que aquele, não conseguindo abrir a porta para se ir embora, atirou com a bicicleta contra os vidros, o que não valeu de nada.

Galamba diz ter chamado a polícia. O adjunto demitido afirma que foi ele próprio chamar a PSP pois estava trancado dentro de um Ministério.

O ministro continuou, descrevendo como da casa de banho sobrelotada lhe telefonaram em sobressalto.

Entretanto chegaria a Polícia - 4 agentes - que repondo a ordem terão deixado o dito ameaçador ex-adjunto seguir o seu caminho.

Enquanto esta cena decorria, o Ministro João Galamba conta que ligou a António Costa, o Primeiro-ministro de Portugal, que não atende.

Tenta falar com outros secretários de estado e conclui que a Ministra da Justiça é quem sabe destas coisas.

Isto tudo madrugada fora.

Conclusão? O SIS entra em ação para ir buscar um computador. Dizem que seguindo um protocolo legítimo. Não deixa de ser anedótico!

O que é relevante nisto tudo é o facto do membro de um Governo considerar aceitável prestar-se à triste figura de convocar os jornalistas, para ao longo de 40 minutos estar a descrever estas misérias, ocorridas no seu gabinete.

Pior ainda é a circunstância de, na sequência das perguntas e respostas a que se sujeitou, ter ficado à evidência que, relativamente a outros assuntos que envolvem a TAP e o seu Ministério, este mentiu descaradamente nas semanas anteriores sobre diversas matérias.

Nomeadamente sobre quem convocou a CEO da TAP para uma reunião secreta, tendo dito coisas opostas às afirmações perentórias feitas por si em outros momentos.

Demonstrou o nervosismo típico de quem quer esconder verdades com mentiras construídas em cima do joelho, para dar cobertura a cada nova versão dos acontecimentos à medida que algo de novo se vai descobrindo.

Expôs a forma trapaceira e pouco digna como lidou com as informações, que ao longo destes meses têm vindo a público, as quais colocavam em causa a sua atuação.

Mostrou como vale tudo para este Governo do Partido Socialista, com políticos sem nível, sem competência e sem dignidade para ocuparem um cargo como o de ministro.

Perante estas tristezas, temos um Primeiro-ministro calado, acantonado numa não reação que parece esperar que tudo passe com o tempo.

Medeiros Gaspar escreve à terça-feira, de 2 em 2 semanas

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