Ora vejamos, há alguns deputados da oposição que se julgam donos da verdade e do conhecimento em determinadas temáticas. É o caso da floresta. Quando se fala de floresta e conservação da natureza, assistimos a esses deputados tomarem da palavra e efetuarem uma serie de afirmações, desconsiderando e colocando em causa o trabalho meritório, sério e profissional dos técnicos nesta área, como se à face da terra não existisse, além deles, mais ninguém com conhecimento e habilitações nestas matérias.
O Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM (IFCN) possui um considerável número de técnicos superiores nestas áreas, essencialmente Biólogos e Engenheiros das áreas das ciências agrárias, com destaque para a Engenharia Florestal. Entre estas duas classes profissionais, são mais de 30 os que diariamente trabalham e dão o seu melhor nas mais diversas áreas da floresta e conservação da natureza. Muitos desses técnicos possuem mestrados existindo alguns com doutoramentos, o que demonstra a qualidade técnica e profissional dos quadros do IFCN.
Mas o que me preocupou verdadeiramente nesse dia na ALRAM foram as afirmações de uma deputada do Partido Socialista (PS) que num seu discurso sobre incêndios florestais e dirigindo-se à Secretaria Regional do Ambiente, Susana Prada, afirmou que "só não ardeu mais área entretanto por causa do helicóptero de combate na primeira hora mas o mato continua a acumular na serra e eu teria muito medo se tivesse na sua posição do que pode ai vir". Sabemos que a causa natural de ocorrência de incêndios florestais é diminuta, cifrando-se nos 1,5%, ou seja, em cada 100 incêndios apenas 1,5 são por causas naturais, sendo os outros atribuído a negligência e outros/muitos a fogo posto. Sobre estes é que reside a preocupação pois a intenção e motivação são imprevisíveis, o que leva muitas vezes os incêndios a surgirem em locais de difícil acesso e alguns a horas de difícil combate, à noite e de madrugada, não existindo dúvidas que são fogos postos deliberadamente.
Mas com estas afirmações tão claras e tão inequívocas de que algo vai acontecer a nível de incêndios será que a Sra. deputada saberá algo mais sobre os incêndios que surgem na Madeira e quem os ateia? Será que os incêndios que surgem tem motivações que a Sra. deputada conhece?
Pois bem, estaremos atentos a estas novas afirmações e acima de tudo ao que se passar no terreno, pois esta matéria é de extrema importância e gravidade para que possamos relevá-las mesmo num debate político.
Da parte do IFCN, e por que fomos acusados de nada fazer, no que se refere à prevenção de incêndios florestais, deixo aqui alguns dados para reflexão e informação.
Limpamos mais de 1650 hectares desde 2016 (1 hectare equivale aproximadamente à área de um campo de futebol).
Adquirimos máquinas pesadas para limpeza da floresta a serem utilizadas por funcionários do IFCN.
Todos os anos limpamos aproximadamente 200 Km de caminhos florestais.
Criámos a faixa corta-fogo no Caminho dos Pretos.
Criámos e formamos os Sapadores Florestais.
Recuperámos 13 postos florestais e todas as torres de vigilância a incêndios.
Apetrechamos o Corpo de Polícia Florestal (CPF) de viaturas de primeira intervenção e fomos pioneiros no país em ações de vigilância a incêndios utilizando drones que já totalizam 300 horas/ano.
Todos os anos o CPF assegura 6048 presenças na vigilância e colaboração no combate a incêndios rurais no POCIR, percorrendo 168000km em ações de vigilância a incêndios.
Criámos campanhas de sensibilização da população para a prevenção a incêndios florestais.
Todos os anos implementamos o Plano de Prevenção e Vigilância aos incêndios florestais.