A Madeira recebe, esta semana, a 80.ª Assembleia Geral do Conselho Europeu de Engenheiros Civis (ECCE), um momento de particular simbolismo ao assinalar também os 40 anos desta organização. O evento, promovido pela Ordem dos Engenheiros – Secção Regional da Madeira, reuniu, esta sexta-feira, no Colégio dos Jesuítas, representantes de 24 países europeus e destacou a importância da engenharia civil como motor de desenvolvimento, inovação e resiliência.
Na sessão inaugural, Pedro Fino, secretário regional dos Equipamentos e Infraestruturas, em representação do presidente do Governo Regional da Madeira, sublinhou o orgulho da Região em acolher este encontro. “A Madeira é um verdadeiro laboratório vivo de engenharia. O nosso território desafia constantemente os engenheiros a encontrar soluções inovadoras, adaptadas e sustentáveis”, afirmou. Destacou ainda a obra do novo Hospital Central e Universitário da Madeira como um marco técnico e social, convidando os presentes a visitarem este “exemplo de engenharia ao mais alto nível”.
A perspetiva histórica e cultural esteve também em evidência no discurso de Pedro Fino, que lembrou a vocação atlântica e cosmopolita da ilha, descrevendo a Madeira como um ponto de encontro entre o local e o global. “A engenharia tem sido um pilar da nossa transformação, desde as primeiras levadas até às modernas infraestruturas”, referiu.
O bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santos, reforçou a dimensão internacional da engenharia portuguesa, destacando os esforços de mobilidade e reconhecimento mútuo de qualificações. “Temos mais de 65 mil engenheiros inscritos em Portugal, incluindo milhares de profissionais estrangeiros. Queremos continuar a construir pontes, não apenas físicas, mas também institucionais e humanas”, afirmou, lembrando o papel estratégico da engenharia na coesão territorial e no combate às desigualdades.
Platonas Stylianou, presidente do ECCE, deixou uma mensagem de celebração e ambição. “Quarenta anos depois da fundação, mantemos uma visão clara: unir os engenheiros civis da Europa e contribuir para um ambiente construído mais sustentável”, disse. Lembrou os desafios atuais, como as alterações climáticas e a digitalização, e apelou a uma ação coordenada e corajosa: “Juntos, somos mais fortes”.
Por sua vez, Miguel Branco, presidente da Secção Regional da Madeira da Ordem dos Engenheiros, evocou a herança resiliente do povo madeirense, que desde o século XV tem enfrentado um território exigente com engenho e perseverança. “Mesmo antes de existirem engenheiros com formação formal, os madeirenses já exerciam engenharia pela necessidade de adaptar e sobreviver”, disse. Destacou ainda os fenómenos extremos recentes como prova da relevância crescente da engenharia no planeamento e na proteção do território.
A Assembleia Geral do ECCE serviu, assim, de palco à valorização do papel da engenharia civil na construção de um futuro mais sustentável e seguro, reforçando o contributo da Madeira como exemplo de inovação, resiliência e excelência técnica no contexto europeu.
“Num tempo de incertezas climáticas, instabilidade geopolítica e transições tecnológicas, a engenharia afirma-se, mais do que nunca, como uma ciência ao serviço das pessoas e das comunidades. E a Madeira, com a sua geografia desafiante e história de superação, continua a dar o exemplo”, pode ler-se num comunicado divulgado pela secção regional da Ordem dos Engenheiros.