O Dia da Europa foi assinalado esta tarde, no Funchal, com um debate realizado no salão nobre da Assembleia Legislativa da Madeira, com estudantes em maioria na plateia.
Com as eleições europeias do dia 9 de junho em ‘pano de fundo’, os intervenientes alertaram para os riscos e ameaças que pairam sobre as democracias e sobre o futuro da União Europeia.
Nuno Pinto Gama, vice-presidente da EuroDefense e professor universitário, focou a heterogeneidade que há na União Europeia, as disparidades, nomeadamente ao nível dos salários mínimos, e, por conseguinte a importância da política de coesão “dar substância ao princípio da coesão económica, social e territorial”.
Segundo disse, as disparidades existentes “dificultam o trabalho da União”. A propósito das dificuldades de negociação entre os estados-membros, deu o exemplo dos 13 pacotes de apoio à Ucrânia, aprovados por unanimidade, apesar do conflito ter várias leituras no seio da União.
O orador adiantou que está a ser trabalho o 14 pacote de apoios e focou o facto de em setembro a Hungria, precisamente um dos países com voz por vezes dissonante, vir a assumir a presidência da União.
Sara Cerdas, deputada ao Parlamento Europeu, disse aos jovens que o território da União Europeia “é de longe o mais seguro do mundo para viver”.
Falou da importância do trabalho dos deputados, os únicos eleitos pelas respetivas populações, frisou que entre 70 a 80% das decisões tomadas no PE afetam a legislação portuguesa.Vislumbrando que “a abstenção será a vencedora” das eleições, a eurodeputada lamenta que não se fale mais da Europa”.
Bruno Pereira, vice-presidente da Câmara Municipal, e antigo diretor regional dos Assuntos Europeus, sublinhou como dado positivo o facto de nas próximas eleições, devido às desmaterialização dos cadernos eleitorais, ser possível aos cidadãos votarem em qualquer mesa de voto, no País e no estrangeiro.
Abordou, entre outras questões, a criação das Regiões Ultraperifécias, onde se inclui a Madeira, como “um conceito de proximidade muito importante”.
Maria João Monte, presidente do Conselho Diretivo do IDR, sublinhou a importância dos Fundos Europeus no desenvolvimento das regiões, referindo que na Madeira foram aplicados 4 mil milhões, investimentos que se refletem na melhoria das condições de vida da população.
Sobre o alargamento da UE a outros membros, disse que deverá ser acompanhado por uma política de coesão reforçada. Espera que as eleições sirvam para recentrar a discussão em torno dos princípios basilares da construção europeia.
Defende mais discussão em torno das políticas, acima dos interesses dos partidos, no pressuposto de que “a política de coesão permite reduzir as desigualdades das regiões e promover o desenvolvimento econômico social”.