O advogado do presidente da Câmara Municipal da Calheta Carlos Teles disse hoje que de entre os oito detidos no processo ‘Ab Initio’, apenas o presidente do IASaúde, Bruno Freitas, está proibido de continuar a exercer a atividade, confirmando que o seu constituinte mantém plenos poderes para prosseguir o mandato no Município da Calheta.
”Genericamente, [os detidos] ficaram sujeitos à obrigação de comunicação quando quiserem sair da Região Autónoma da Madeira, proibição de contactos entre os arguidos e, relativamente a um dos arguidos [Bruno Freitas, houve] a proibição do exercício da atividade profissional”, afirmou, à saída do Palácio de Justiça.
“O Ministério Público queria aplicar medidas duras. Caução de 25 mil euros, entregar o passaporte, etc., mas nada disso foi aceite pela senhora juíza”, referiu o advogado, classificando as medidas de coação decretadas como “leves”.
Sem querer comentar se o desfecho neste primeiro interrogatório é uma “derrota para o MP”, João Nabais disse, contudo, que “depois deste espetáculo que eles aqui montaram e do circo, com as ‘shotguns’ e tal, com 110 inspetores da Judiciária que somos nós que pagamos - convém as pessoas perceberem isso -, para deter e submeter a interrogatório pessoas tranquilas que não fizeram mal a ninguém, no final, o que saiu foi isto”, criticou, considerando que esta fase do processo mostrou que “as medidas ficaram reduzidas a pó”.
Questionado se Carlos Teles iria pedir uma indemnização, João Nabais disse que não e, a brincar, disse até achar que iria “pedir uma poncha”.
Ato contínuo, Nabais rejeitou que a continuidade de Carlos Teles na Câmara da Calheta esteja comprometida por esta investigação. “Não, não, mas a que propósito?”, perguntou, quando confrontado com essa possibilidade pelos jornalistas. “Não se passou nada” e “não há nenhuma razão para deixar de ser” presidente da autarquia, porque “os seus direitos estão absolutamente intactos e íntegros, e não há nada que possa pôr em causa o exercício do mandato, de maneira nenhuma. Nem sequer isso foi falado”.
O advogado mencionou ainda não saber se o Ministério Público irá recorrer da decisão da juíza de instrução e, relativamente ao material probatório recolhido durante a investigação, concluiu que “há muita palha”, apesar de as “interceções telefónicas terem durado dois anos, desde 2022”.