A Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF) sugeriu hoje a implementação de sistemas de controlo de acessos e gestão de fluxos, nos percursos mais concorridos como o Rabaçal, as Queimadas, Pico do Areeiro – Pico Ruivo, através do desenvolvimento de uma app.
A aplicação deverá “fornecer informação aos turistas, empresas e residentes sobre horários de transportes públicos e eventuais shuttles de acesso, assim como a lista das Agências de Viagens e empresas de Animação Turística licenciadas que promovem passeios e atividades na natureza”.
Na mesma aplicação, adianta a mesma entidade, “deverá ser possível consultar a taxa de ocupação prevista dos principais percursos recomendados ao longo do dia, com reporte, em tempo real, do fluxo de pessoas que estão a essa mesma hora nos percursos mais visitados, devendo ainda, em casos de grande afluência, sugerir percursos ou pontos de interesse alternativos, contribuindo assim para a regulação e diminuição da pressão”.
Num comunicado intitulado ‘Contributos da ACIF - Nova abordagem ao turismo da RAM’, a associação manifesta-se preocupa com o a massificação do setor e avança com sugestões que têm por objetivo mitigar os impactos do turismo nos locais mais visitados e que têm suscitado diversos problemas.
“Entendemos ser fundamental que, ultrapassado o período em que Governo Regional esteve em gestão, tendo um Programa de Governo e Orçamento aprovados, se comecem a efetivar medidas concretas que mitiguem os constrangimentos gerados pelo aumento do número de visitantes e se discipline o acesso e a conservação dos principais pontos de interesse turístico”, defende a ACIF.
No extenso comunicado, a associação recorda que “apresentou soluções de controlo do estacionamento abusivo no Pico do Areeiro, defendendo ser viável a criação adicional de 2 ou 3 parques de estacionamento para as viaturas de rent a car, servidos por um transporte shuttle de ida e regresso, podendo, inclusivamente, alargar-se esta oferta até ao Ribeiro Frio, minimizando os problemas de trânsito daquele local, que não possui condições naturais para aumento da capacidade de parqueamento”.
Na perspetiva da ACIF, os “recentes anúncios da criação de um estacionamento na zona da Casa das Sorveiras, da ligação em transporte público coletivo entre o Funchal e o Pico do Areeiro e, mais concretamente, da adoção do shuttle entre o Poiso e o Pico do Areeiro a partir de 5 de agosto, são medidas importantes e bem-intencionadas, no entanto, sem a devida restrição de acesso aos automóveis ligeiros, apenas contribuirão para o bloqueio do trânsito, visto que, embora com o controlo pontual da Polícia de Segurança Pública, permanecerá o estacionamento abusivo e irregular e a falta de parques para acomodar viaturas”.
“Ressalve-se que, por norma, os veículos de transporte turístico são alheios aos constrangimentos de trânsito existentes, sendo até os mais lesados face às dificuldades que o estacionamento irregular lhes provoca, pelo que, defendemos a colocação de barreiras de controlo junto aos parques que vierem a ser criados, apenas permitindo o acesso de veículos de empresas devidamente licenciadas, assim como aos residentes na RAM”, sublinha.
No que concerne aos problemas de estacionamento e acesso ao Cais do Sardinha, a ACIF sugere que “deverá uma solução semelhante, através da criação de parques de segunda linha, identificando-se locais de possível utilização, podendo até recorrer-se, no limite, a uma plataforma da Zona Franca Industrial para esta solução”.
“No âmbito da salubridade, é urgente rever e reforçar os processos de recolha de resíduos e a adoção de estruturas de apoio estrategicamente localizadas, assim como garantir a manutenção do estado natural dos percursos e locais de interesse turístico”, sublinha.
Taxa turística
A ACIF-CCIM reforça que “tem vindo a apresentar às entidades responsáveis, um modelo de taxa turística que partilha recursos e receitas comuns, mas para o qual, a maioria dos Municípios não demonstrou aceitação, nomeadamente aqueles com maior capacidade de gerar valor”.
“No entanto, perante o aumento da pressão turística nos seus territórios e dos inerentes custos, consideramos ser possível que as Câmaras Municipais revertam, de forma equitativa, parte da receita da sua taxa turística municipal para um Fundo, para o qual Governo Regional deveria equiparar o montante, de modo a fazer face à gestão das exigências de manutenção e organização dos locais de interesse turístico”, acrescenta a ACIF.