O selecionador português feminino de futebol, Francisco Neto, considerou hoje que o terceiro apuramento consecutivo para um Europeu é a confirmação do estatuto e da qualidade da jogadora portuguesa.
À chegada ao Aeroporto de Lisboa, um dia depois da vitória na República Checa (2-1), na segunda mão do segundo play-off de apuramento, o selecionador disse que esta qualificação “é a continuidade do crescimento daquilo que tem sido uma aposta muito grande da federação, dos clubes e das associações no futebol feminino”.
“Disse-o antes do jogo que achava, e continuava a achar, que seria injusto depositar tudo aquilo que era o crescimento do futebol feminino neste jogo, mas sem dúvida nenhuma que sabemos e assumimos a responsabilidade. Quando a seleção joga, a visibilidade é diferente, o país une-se e sabíamos também dessa responsabilidade. Por isso, acima de tudo, é a confirmação do estatuto e daquilo que é a qualidade da jogadora portuguesa num contexto internacional”, referiu.
Para o Europeu da Suíça, em 2025, Francisco Neto prefere não falar ainda de uma qualificação inédita para os quartos de final, mas quer repetir o que fez nas duas anteriores presenças no torneio continental e no Mundial, ou seja chegar à última jornada com a equipa das ‘quinas’ a depender apenas de si.
“E, depois, é a nossa competência. Se fomos competentes para o fazer, passaremos. Se não fomos competentes, temos de ir para casa. Agora, tudo iremos fazer para ter essa competência e para poder lá chegar”, assegurou.
Para o selecionador luso, a caminhada rumo ao Europeu “foi muito bem conseguida”, com 10 vitórias e dois empates, em 12 jogos, lamentando, como ponto menos positivo, a “incapacidade para concretizar tantas oportunidades de golo” de que dispôs e que não permitiu “estar mais à vontade” em alguns jogos.
“O ponto alto foi aquilo que elas são enquanto equipa, a coletividade, a disponibilidade que elas têm umas para as outras, o espírito e a energia que elas transmitem umas às outras. Sabem que seja em que campo for, seja contra que adversário for, Portugal vai ser sempre altamente competitivo, e isso para mim é sempre o ponto mais alto desta seleção”, referiu.
Francisco Neto, no cargo desde 2014, garantiu que “é uma felicidade imensa, um privilégio e um orgulho poder fazer parte deste trajeto”, assegurando que é apenas “mais uma peça no puzzle”.
À chegada a Lisboa, Francisco Neto saiu ao lado do presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, que deixará o cargo em fevereiro, agradecendo o facto de, juntamente com a diretora Mónica Jorge, ter apostado em si, com apenas 32 anos, e vindo de uma associação distrital, e por ter dado todas as condições “para desenvolver este trabalho”.
“Por isso, para ele e para a sua estrutura, neste caso representado pela professora Mónica, que é a diretora que nos acompanha sempre, foi sempre um muito obrigado, uma gratidão imensa, porque sem eles nada disto era possível”, afirmou.
Para Mónica Jorge, estar novamente na fase final de um Europeu “é importantíssimo” para o desenvolvimento do futebol feminino em Portugal, ambicionando a “melhor performance de sempre numa fase final”.
“Acho que (o que sinto é) muito orgulho, acima de tudo como mulher e como pessoa que ajudou a construir esse processo. Valeram a pena todas as quedas e todas as derrotas que tivemos. É das coisas que mais nos orgulha, chegar agora e ver onde o futebol feminino está, o seu posicionamento, não só a nível da federação, a nível nacional, desportivo, mas a nível cultural. E isso, para mim, é das coisas mais importantes”, disse.
Segundo a diretora da FPF, “neste momento, o futebol feminino já não é uma coisa que vem ou que está a chegar, já está muito presente e tem um mercado extremamente aberto, extremamente grandioso” na nossa cultura desportiva.
Por fim, Mónica Jorge, que também termina o seu mandato juntamente com Fernando Gomes, pediu que se preparem “o melhor possível para os próximos 10 anos que aí vem de futebol feminino”.
“Temos de trabalhar muito mais e melhor para conseguirmos estar presente nestas fases finais, mas conseguirmos também que a nossa formação, a nível de futebol feminino, a nossa base, seja cada vez mais sustentável”, disse.
A seleção portuguesa feminina de futebol qualificou-se na terça-feira pela terceira vez consecutiva para a fase final do Europeu, ao vencer a República Checa por 2-1, em Teplice, na segunda mão do último play-off de apuramento.
Depois do empate a um no Dragão, Portugal, que repete 2017 e 2022, garantiu um lugar na edição 2025 ao bater as checas com um ‘bis’ de Diana Silva, assistida por Joana Marchão, aos 13 e 76 minutos, contra um penálti de Katerina Svitkova, aos 35.
A fase final da 14.ª edição do Europeu feminino realiza-se na Suíça, de 02 a 27 de julho de 2025, com sorteio marcado para 16 de dezembro, em Lausana.