Começou dezembro, o mês da festa, a preparação para o Natal. Esta é provavelmente uma das épocas mais bonitas do ano na nossa Madeira. Ruas iluminadas e brilhantes, a preparação das nossas casas com os pinheiros decorados, a elaboração dos presépios e das lapinhas, o cheiro das iguarias, as missas do parto, entre outras tradições tão nossas e tão belas, que tornam esta época do ano muito especial.
Contudo, este ano, paira no ar uma sensação de incerteza, um cochicho no canto “será que passa?” ou “será que cai?”. Julgo que o caro leitor, por mais distraído que seja, já deve ter tirado do seu tempo ou mesmo parado para pensar nas consequências deste novo tempo político, que não é mais do que a vontade inebriada de alguns inconsequentes semearem o caos e a incerteza na nossa sociedade.
Esta triste trama começa com a apresentação de uma moção de censura ao Governo Regional da Madeira a 6 de novembro, não por vontade em salvaguardar a democracia madeirense, mas sim para fazer a vontade a um dito senhor sentado em Lisboa, fazendo lembrar tempos antigos em que a Madeira era uma província e os madeirenses eram vassalos que tinham de obedecer aos senhores da metrópole. Desde então, a incerteza tomou conta do pensamento de muitos concidadãos, porque efetivamente, depois de um ano atribulado e atípico, a Madeira não precisava de mais esta novela.
Acima de tudo, sejamos francos: as pessoas estão cansadas de eleições, saturadas de jogos políticos! As pessoas querem estabilidade, querem normalidade, e nesta equação todos os intervenientes políticos, sem qualquer exceção, são chamados ao diálogo, à negociação e à responsabilidade. Os políticos são eleitos para representarem o povo, não para andarem a brincar aos partidos e muito menos com a vida das pessoas.
Não é compreensível que alguns autoproclamados heróis, protagonistas em determinadas forças políticas que passam a vida a apregoar o diálogo sejam os primeiros a se autoexcluírem do processo de negociação. Gente que muda de ideias como quem muda de camisa, que anunciam uma união política com pompa e circunstância para salvar a Madeira, mas que só durou quatro horas, vêm depois dar mais uma cambalhota política. Finda a união efémera, vai cada um para seu lado e voltam ao discurso do contra só porque sim, cada um na sua capelinha, furtando-se ao diálogo nos momentos decisivos, enterrando a cabeça na areia à espera que o tempo passe e refugiando-se em frases feitas que nada de positivo trazem para a vida das pessoas.
Perante tudo isto, parece-me evidente, que este é o tempo de assumir e exigir responsabilidade, de olhar para o bem maior da sociedade e de honrar o mandato que nos foi dado pelo povo através do voto secreto.
Para finalizar, desejo ao caro leitor um Santo e Feliz Natal e votos de Boas Festas, com paz e harmonia no seio da sua família!