O embaixador de Israel em Portugal afirmou hoje no Porto que, depois do “mais ultrajante e terrível ataque terrorista” de que o Estado israelita foi alvo, o mundo precisa de se unir e lutar contra o terrorismo.
Ao referir-se ao ataque conduzido pelo grupo islamita palestiniano Hamas no passado dia 07 de outubro no sul de Israel, “o mais ultrajante e horrível ataque terrorista que aconteceu a um país nos tempos modernos”, Dor Shapira defendeu que o ataque ao Estado israelita “não teve nada a ver com o conflito israelo-palestiniano”, mas com a “ideologia louca de uma organização terrorista”.
Nesse dia, o ataque dos combatentes do Hamas fez 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 132 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
“Isto não são pessoas que estão a tentar lutar pela sua independência. Isto são terroristas, isto é terrorismo, barbárie, atos que foram cometidos contra israelitas e judeus apenas porque são israelitas e judeus. Isto não tem nada a ver com o conflito israelo-palestiniano”, sublinhou o embaixador numa conferência de imprensa, no Porto, onde esteve rodeado por familiares de reféns.
O movimento islamista Hamas é “uma organização terrorista” porque, segundo frisou o representante diplomático, tudo o que pretende é destruir o Estado de Israel, porque o objetivo foi “matar e raptar o maior número possível de pessoas” sem se preocupar se eram bebés, jovens ou idosos.
Para o embaixador de Israel em Portugal, o que está em causa não são os palestinianos e israelitas, mas sim a luta contra o terrorismo, tal como aconteceu após os ataques terroristas do 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos ou em outros atentados ocorridos em Espanha, França ou no Reino Unido.
E acrescentou: “Devemos todos lutar e estar juntos e unidos, assegurando que o terrorismo não vencerá”.
O propósito é restaurar a segurança e proteção das pessoas em Israel e fazer com que os reféns ainda detidos na Faixa de Gaza regressem às suas casas o mais rapidamente possível, vincou ainda Dor Shapira, reforçando tratar-se de uma “questão humanitária”.
Junto ao embaixador na conferência de imprensa no Porto estiveram sete famílias de reféns detidos (todos com vínculos a Portugal) que, comovidos pela situação e exibindo fotografias dos respetivos familiares em ‘t-shirts’ que vestiam, pediram a Portugal para fazer pressão para que estes regressem o mais rapidamente a casa.
Nas declarações à imprensa, a mãe de um jovem refém assumiu sentir muito a falta do filho, “que adora a vida, as pessoas e os animais”, com quem tinha uma relação muito próxima, apelando ao Governo português para fazer os possíveis para ajudar a que seja libertado.
Um outro familiar, que tem o irmão em cativeiro, contou que os amigos que estavam presos com ele foram, entretanto, libertados e contaram-lhe que os reféns têm de estar sempre calados e têm acesso a pouca comida.
Contudo, o mais preocupante, salientou, é que o irmão tem duas doenças crónicas, nomeadamente asma e doença celíaca, estando privado do seu inalador.
Já um outro familiar relatou que o seu cunhado, um dos reféns, é um pai muito dedicado, por isso, anseia o dia em que regressa a casa, sobretudo porque o que está em causa é uma questão humanitária.
Na terça-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reuniu-se com estes familiares a quem garantiu que Portugal mantém a pressão para que sejam libertados, informou a Embaixada de Israel em Portugal, que promoveu o encontro.
Em retaliação ao ataque do grupo islamita palestiniano, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.
A resposta militar de Israel provocou mais de 27 mil mortos em Gaza, segundo o Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.