O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, qualificou hoje de “irrealista” uma futura adesão da Ucrânia à NATO, considerando que provocaria uma “ameaça de guerra” com a Rússia.
“Estão a tentar planear a aproximação da Ucrânia à NATO de tal forma que toda a gente com bom senso sabe que a adesão do país está fora de questão no futuro”, afirmou o responsável, segundo o jornal diário Magyar Hirlap.
Durante a cimeira de dois dias da NATO, que decorre em Washington, é necessário discutir a questão com “aqueles que não podem falar honestamente” sobre a hipotética adesão da Ucrânia e que “falam como se fosse possível, quando é evidente que não é”, defendeu.
“Imaginem se a Ucrânia fizesse parte da NATO, viveríamos praticamente numa situação de guerra contínua, aberta e extremamente ameaçadora. A entrada da Ucrânia levaria a um confronto direto entre a NATO e a Rússia”, avisou o governante.
Peter Szijjarto criticou que se tentem encontrar expressões sobre como o futuro da Ucrânia é na NATO e que se trata de um “processo ‘irreversível’, o que, claro, soa bem e os ucranianos também podem referir-se a isso, mas não significa, obviamente, a entrada dos ucranianos na NATO”.
Segundo a mesma fonte, a Hungria está disposta a ratificar a declaração final da cimeira desde que fique estipulado que a eventual adesão da Ucrânia requer o aval unânime da Aliança.
“O convite da Ucrânia à NATO também não será concretizado agora; a adesão está praticamente fora de questão”, insistiu Szijjarto, questionando a “hipocrisia” de uma parte da NATO que condiciona a sua própria segurança à da Ucrânia.
O responsável sublinhou ainda que a Hungria está na linha da frente dos países da NATO que cumprem os seus compromissos e reprovou o facto de, em alguns fóruns, ser descrita como um parceiro pouco fiável. “Quem é um bom aliado (...) deve ser medido desta forma e não em termos de panfletos e declarações políticas”, afirmou.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, defendeu hoje a adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica em caso de cessar-fogo no atual conflito, para evitar futuras agressões da Rússia.
“Se houver agora um novo cessar-fogo, um novo acordo, temos que estar 100% seguros de que [a Rússia] se detém ali, independentemente de onde estiver essa linha”, indicou Stoltenberg durante o Fórum Público paralelo à Cimeira da NATO, hoje no segundo de três dias em Washington DC.
“Por isso, acredito firmemente que, quando os combates cessarem, temos que garantir que a Ucrânia tenha as capacidades para dissuadir futuras agressões da Rússia e mecanismos de segurança”, acrescentou o político norueguês.
Para Stoltenberg, “é claro que a melhor garantia de segurança seria o artigo 5” do Tratado do Atlântico Norte sobre a defesa coletiva, ‘pedra angular’ em que se baseia a Aliança.
Na sua última cimeira antes de dar o lugar a Mark Rutte, Stoltenberg espera que os líderes cheguem a acordo sobre uma “ponte sólida para a entrada da Ucrânia na Aliança” através de um novo pacote de apoio baseado em cinco pontos fundamentais.
Em primeiro lugar, a NATO coordenará a ajuda militar internacional à Ucrânia e os esforços para treinar as suas tropas.
Espera-se também que os aliados concordem com um compromisso de longo prazo de financiamento de armamento para a Ucrânia, de cerca de 40 mil milhões de euros anuais, e façam novos anúncios de apoio militar imediato, incluindo defesa aérea.
A cimeira na capital norte-americana assinala os 75 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, sigla em inglês), na mesma cidade onde, em 1949, doze países – incluindo Portugal - assinaram este tratado para assegurar a sua defesa coletiva.
Portugal está representado na cimeira da NATO, que se realiza até quinta-feira em Washington, pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e pelo ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo.