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Artigo de Opinião

12/03/2022 08:00

O Objetivo é entronizar Sérgio Gonçalves como novo líder, elegendo a nova comissão regional que será presidida, adivinhem, por Paulo Cafôfo! Este que, 166 dias depois de anunciar a sua demissão, uns longos 5 meses e 13 dias, sai oficialmente da liderança do PS. Curiosamente um período semelhante aos 6 meses que o PS teve de esperar para que Cafofo perfizesse o tempo de militância estatutária para ser presidente, em 2020. Um partido que continua dependente dos timings de um homem. Mas será que sai mesmo?

A verdade é que todos os sinais, desde uma campanha em que Cafôfo apareceu ao lado de Gonçalves nas sessões de esclarecimento, até à manutenção do secretário-geral, passando pela sombra controladora de Iglésias, que será seu vice-presidente, nos transmitem a ideia eternizada por Lampedusa. Mudar tudo para que tudo fique igual. Quererá ser Sérgio a nova lebre?

O Lobo Marinho

Pelos lados do PS dizem que não, com graça. Quanto muito o novo "lobo marinho", como referência obvia aos seus vínculos profissionais. Tem piada, e não ofende. Será que Sérgio irá, dado o suporte que tem de vários sectores empresariais, com apoio da comunicação social por estes suportada, ganhar o seu espaço e "morder a mão do dono"? O começo não indicou isso, com uma iniciativa política lamentável, demagogicamente exigindo a extinção das Sociedades de Desenvolvimento, alegando que assim se poupariam 30 milhões quando sabe perfeitamente que essa verba serve exclusivamente para compromissos financeiros.

Mas analisemos o que são as propostas de Sérgio. O que diz a sua moção:

"Os problemas demográficos são consequência da falta de oportunidades e da pobreza endémica que resultam de políticas públicas pouco eficazes feitas de comércio de interesses, de mão dada com os donos disto tudo e costas voltadas para os verdadeiros interesses da população da Madeira e do Porto Santo." À parte de não apresentar uma medida para este problema, refere que o problema demográfico é uma alegada pobreza, o que contraria séculos de conhecimento cientifico sociológico que explica que nos territórios mais pobres a população tende a aumentar, e que é precisamente naqueles em que se estabelece uma classe média confortável que a população diminui... mas delicioso mesmo, é Sérgio Gonçalves insurgir-se contra "os donos disto tudo"!! Menos... muito menos!

Sempre que algo é aprofundado, sai asneira, como na alusão à alteração da lei das finanças regionais onde, além do alargamento do diferencial fiscal, panaceia para todos os males da proposta politica de Gonçalves, é também referido que propõe a "capitação do IVA". Sugere-se uma leitura urgente do artigo 28º da referida lei, onde já está inscrita essa forma de distribuição do imposto. Quer, portanto, propor o novel líder do PS aquilo que já existe?

Relativamente à cultura e Ciência, Gonçalves sublinha que é "relevante valorizar a Universidade da Madeira resolvendo o seu crónico subfinanciamento." Ora bolas, e eu que julgava que competia à República o financiamento das Universidades, sobre as quais as Autonomias não detêm qualquer tutela? E talvez tenha sido um sonho a viagem do Ministro Manuel Heitor em Março de 2020 oferecer 4,8 milhões à Universidade dos Açores, para ajudar o PS a ganhar as eleições naquele arquipélago, esquecendo a nossa UMa. Delicioso!

Nos transportes diz a moção que o "modelo de Subsídio Social de Mobilidade tem de evoluir, protegendo os direitos dos residentes na RAM" e ainda "promover a disponibilização de tarifas mais baixas por parte das companhias aéreas". Bom, nesta última parte, nada diz, e bem poderia, pois foi o seu governo a nacionalizar a TAP, transformando-a numa das mais caras companhias áreas. Relativamente à primeira, diz que o subsídio tem de "evoluir", mas foi também o governo do seu partido que não regulamentou a mudança da lei, repristinando a anterior. E é melhor nem falar nas alusões a apoios ao transporte marítimo de carga ou ao ferry, inscritos no documento, pois não?

Quanto às questões económicas, com impactos sociais, depois de atafulhar com dados estatísticos, comparando o "bananas com cenouras" avança com a solução: "Medidas económicas concretas e transversais são necessárias com vista ao desenvolvimento económico equilibrado, à redução das desigualdades com uma aposta concreta na educação e habitação." Perceberam o que é preciso fazer em concreto? Quais são as tais medidas económicas que vão acabar com a pobreza? Pois.. no fundo promete fazer "coisas"… no fundo "temos de fazer cenas, stuff, coisas". Paupérrimo.

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