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Artigo de Opinião

Investigador na área da Educação

1/05/2023 08:00

Em Portugal, só após o 25 de abril de 1974 se passou a comemorar livremente este dia, depois de um período de repressão à comemoração da data levada a efeito pelo Estado Novo.

Hoje, os grandes desafios do Trabalho prendem-se, como assinala a OIT, naquilo que é a dignificação do Trabalho em todas as suas formas. Combater a precariedade, assegurando uma estabilidade laboral e permitir perspetivas de futuro e valorização; promover uma conciliação entre a vida profissional e a dimensão pessoal/familiar; garantir uma participação através do diálogo social, reconhecendo ao trabalhador um papel ativo e relevante na dinâmica da Economia e, finalmente, ter em consideração a valorização dos jovens no "mercado de Trabalho", sabendo-se da importância destes para o futuro do Trabalho.

Sobre este último tópico, que no essencial nos conduzirá para os desafios próximos, a obrigação de compreender as necessidades dos jovens trabalhadores, à luz daquilo que os preocupa/motiva, deve ser inexorável. Não adianta querer compreender os anseios da nova geração e, aqui, como na Educação, querer responder aos novos desafios do Sec. XXI com as ferramentas e conceitos dos Sec. XIX e XX será um erro.

Antes de tudo, vivemos num mundo globalizado. Atualmente, a mobilidade é um dado adquirido e no caso dos trabalhadores jovens a facilidade de mudar e procurar melhores condições é um facto. O caso do idioma e das relações sociais/familiares deixam de ser entraves, ao que se aliam as novas tecnologias de comunicação que nos colocam praticamente sempre online.

Fixar assim, uma nova geração de trabalhadores obriga a atender às suas preocupações. O caso do Teletrabalho é o exemplo mais recente, naquilo que foi a sua disseminação logo a seguir à pandemia do Covid-19. Temos, atualmente, vários casos onde é já a "expressão laboral" comum, sem qualquer perspetiva de retorno ao trabalho presencial.

Outro dos exemplos, recentes, que se apresentam como desafios, correspondem à denominada semana de trabalho dos 04 dias. Sobre isto, tomemos o caso do Reino Unido. O R.U. atravessa uma das maiores crises de mão-de-obra das últimas décadas e os empregadores estão a tentar captar a atenção das gerações mais jovens oferecendo benefícios, como uma tarde livre à sexta-feira. Há uma série de razões que permitem explicar a situação atual. Entre a reforma antecipada de trabalhadores acima dos 55 anos, os jovens que decidiram voltar a estudar durante a pandemia e o Brexit. Existem atualmente menos 216 mil pessoas em idade ativa.

As empresas veem-se na contingência de tentar atrair novos trabalhadores. Cada vez mais oferecem "maior flexibilidade", com o claro objetivo de captar o interesse da chamada Geração Z , que dá enorme prioridade ao equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. De acordo com os dados do motor de pesquisa de emprego Adzuna (Público de abril.2023) registou-se já um "aumento acentuado" de vagas que incluem as sextas-feiras com horário reduzido -saída às 15h30. Efetivamente, durante o mês de março de 2023 foram publicadas 1426 ofertas que já aludem a este benefício. Um aumento deveras expressivo.

Urge olhar, portanto, com atualidade, para o mundo laboral. Atender a que as alterações, que se vão propugnando, não se limitem a meros impulsos de vocação modernística, através do exercício de figuras legais, mas com velhas fórmulas do Trabalho passado, parece importante. Vivemos contextos de incerteza económica, social, e financeira, a que iremos assistindo e convivendo nos próximos anos. Pensar e agir, também no Trabalho, de forma global e inovadora é fundamental.

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