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Artigo de Opinião

27/09/2024 08:00

Começando de forma pouco original: Tenho um enorme apego por animais. Cresci com eles, cães gatos, galinhas, porco, cabras, como era normal na Madeira de há 30/40 anos. Chorei a morte do Tim, da Goofy, do Max, e de outros cujas marcas foram menos profundas. Mantenho a nossa Palha, mais o gato Brico. Já sabem onde quero chegar, não é? Eu adoro os meus animais, mas eles não são pessoas. Até posso ficar (muito) mais afetado com a mortes destes do que de humanos cuja existência pouco me diz. Mas não posso aceitar que o Estado se desvie do primado da pessoa Humana, própria de sociedades personalistas na herança Kantiana ou de Mounier. O Homem é o centro da existência, e o seu fim último. Vem isto a propósito da aprovação de um voto de pesar à morte do lince Bores, ontem na ALRAM. Somos sociedades evoluídas, complexas, resultados de milénios de construção social. O Pêsame é o ato de dor pelo falecimento de alguém. E um animal, por mais respeito que tenhamos pela sua existência não é alguém. O Voto de pesar nem sequer deveria ter sido admitido a votação, mesmo admitindo que o regimento possa ser omisso quanto ao “sujeito” do pesar. Mas, caramba! A casa da Autonomia deve ter a competência crítica para discernir sobre quem é “sujeito”. A iniciativa ser do PAN, não me surpreende. É um partido de nicho. Já o voto favorável do PS, cobre de ridículo toda a bancada do partido que tem obrigação de ser alternativa ao governo.

Queimar a Autonomia

Ainda no campo do PS, e da Autonomia, assistimos à aberração da AR ouvir, e discutir, quem não teve qualquer responsabilidade no combate aos incêndios da Madeira. Parece aqueles mandados de prisão que Maduro instruiu o tribunal a emitir contra Millei, a que a justiça pampeira respondeu com igual ordem de detenção para o líder não eleito da Venezuela. Ninguém tem legitimidade para o fazer, tratando-se de puro show off político. Seria mais um circo como o do ponto anterior, com Bombeiros que não conhecem a Madeira a “testemunhar”, se não constituísse uma ofensa clara à Autonomia, perpetrada pela dupla Cafôfo e Iglésias, e denunciada pelo próprio camarada Carlos Pereira. Mandem já o Governador militar, e fecha-se o pagode.

Praça Pública e o Financiamento Partidário

Assistimos a mais uma aparatosa ação do MP, desta feita incluindo o DIAP do Funchal. Já muito foi dito, com um preocupante desenrolar de culpados antes do julgamento (se chegar a existir). Também já foi falado, por outro lado, o aparato excessivo, quase se tratando de terroristas, detidos e algemados, quando o próprio MP não requereu a prisão preventiva. Ou seja, eram perigosos, havia o perigo de fuga, ou podiam interferir no processo antes de serem ouvidos pela juíza. Mas já não o eram após a audição. Tal como a fé, a justiça move-se em caminhos misteriosos. E se for verdade que o presidente da comarca ofereceu as instalações do Edifício 2000, para dignidade do recato aos detidos, o que terá sido recusado, então vivemos tempos perigosos.

Alegadamente, tratam-se de sinuosidades referentes ao financiamento partidário. O tempo e a justiça dirão se sim ou não. Mas é bom lembrar que se trata de um elefante na Sala. Também Cafôfo e 4 Câmaras do PS/Madeira têm a correr uma investigação em moldes parecidos.

Já para não falar do que se passa nas juntas de freguesia da grande Lisboa, ou na autarquia portuense. Ninguém quer falar sobre financiamento dos partidos. É um tema que queima. Contudo, não há democracia sem partidos. E os partidos não sobrevivem sem financiamento. Se este é público, cai o Carmo e a Trindade, que é dinheiro que devia ir para outras rúbricas. Tivemos inclusive partidos a contribuir para a festa, oferecendo com o dinheiro do “Jackpot” da ALRAM (a designação jornalística já implica censura) carrinhas ou distribuindo comida, com parte do seu financiamento, num exercício lamentável de demagogia.

Mas se o financiamento vem do privado, é porque os beneméritos querem favores futuros, de que é exemplo a exposição pornográfica feita pela revista sábado, na semana passada, que colocou o país a falar das ofertas da família Champalimaud ao CHEGA. Assim, quem é que aceita contribuir do seu bolso, no futuro?

Por fim, e como o dinheiro tem de vir de algum lado, instala-se um clima de suspeição, em que qualquer contrato público pode ser visto como tendo segunda intenções.

Tem de haver coragem política para debater, e legislar, modelos de financiamento que garantam, simultaneamente, parcimónia de dinheiros públicos, transparência, e independência face aos doadores. Parece a quadratura do círculo, mas só não se consegue assobiando para o lado.

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