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Artigo de Opinião

Deputado na ALRAM

7/08/2024 08:00

No passado dia 28 de julho, os Venezuelanos foram chamados às urnas para escolher o próximo presidente da Venezuela, numas eleições que, há muito, se antecipavam complexas e de elevado risco.

Suspeitas confirmadas com irregularidades a vários níveis, desde centros de votação que não abriram a horas, a delegados de mesa da oposição que foram impedidos de entrar nas mesas e máquinas que não funcionavam, além dos membros do Plano República (forças armadas) que estavam a intervir no processo.

É um facto que houve várias irregularidades. Mas aquilo que mais se destaca destas eleições é a grande vontade de mudança evidenciada por parte da população.

Enquanto o governo tentava retardar o processo, ameaçar delegados de mesa da plataforma unitária da Venezuela e utilizar os pontos vermelhos (tendas próximas dos centros de votação) para tentar comprar eleitores e semear o terror nos seus adversários, muitas destas irregularidades foram sendo denunciadas pelo comando Venezuela e pelas ONG´S dos direitos humanos que fazem vida na Venezuela.

No início da tarde do dia das eleições, os representantes da Plataforma Unitária Democrática, ante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) Delsa Solorzano, Juan Carlos Caldera e Perkins Rocha foram impedidos de entrar na sala de totalização do CNE pelos próprios funcionários do poder eleitoral e pela Força Armada Nacional, deixando muitas dúvidas sobre a transparência e o decorrer do início da totalização dos votos.

A verdade é que à meia-noite, o Conselho Nacional Eleitoral apresentou um boletim com supostamente 80% dos resultados, que não foi apresentada previamente à Plataforma Unitária Democrática - nem o escrutínio nem as atas - numa duvidosa transmissão dos resultados. Aliás, o presidente do CNE, Elvis Amoroso, proclamou sozinho, sem nenhum reitor ao seu lado, a vitória de Nicolas Maduro, numa situação estranha porque nem sequer estes dados somavam os tais 80% referidos, numa comunicação feita sem delegados da oposição e sem representação do candidato Edmundo Gonzalez Urrutia.

Em consequência, a líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, reagiu e referiu que esses resultados não eram fidedignos, já que a oposição, com as atas que tinha das mesas de votos, teria obtido um resultado completamente diferente, resultado esse que garantia que Edmundo Gonzalez Urrutia fosse eleito.

No dia seguinte, a oposição apresentou mais de 80% das atas e, dois dias depois, já tinha sido criado um site para a verificação das mesmas.

É importante lembrar que, na Venezuela, os três partidos mais votados têm direito a levar uma copia da ata do seu centro de votação, algo que foi conseguido, um pouco por todo o País, contando com a valentia e a coragem dos delegados.

Toda esta confusão e falta de transparência levaram a que os venezuelanos se manifestassem nas ruas. Começaram os protestos e também começou a repressão e a perseguição por parte das forças do estado e dos “colectivos” (grupos armados do regime), já que o Madurismo não conseguiu gerir o facto de ver os bairros onde o chavismo já foi maioria manifestar-se contra o governo.

É de lamentar este clima de total instabilidade a que assistimos, com perseguições a militantes de base, a líderes sociais, a dirigentes associativos e, inclusive, contra ativistas dos direitos humanos e até jornalistas nacionais e internacionais.

A União Europeia e, sobretudo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portugal estão a tomar posições importantes que podem ajudar a fazer pressão no caso da Venezuela. Estão a exigir que sejam publicadas as atas e que seja feita uma verificação independente ao resultado eleitoral, num comunicado conjunto de vários países europeus que foi tornado público e onde Portugal refere, inclusive, que a oposição recolheu e publicou mais de 80% das atas de voto e que esta verificação é essencial para reconhecer a vontade do povo Venezuelano.

É importante que o mundo livre continue a apoiar uma resolução deste conflito na Venezuela, mesmo que o governo Venezuelano tenha assumido represálias contra países irmãos como a Argentina, Chile, Peru entre outros, expulsando os seus diplomatas do território Venezuelano.

A Venezuela precisa dos democratas do mundo, não podemos abandonar um País que luta pela sua liberdade.

Neste momento, mais de mil pessoas estão detidas e onze pessoas faleceram durante as manifestações e perseguições por parte das forças do Estado. A nossa comunidade Venezuelana na Madeira está muito atenta a esta situação, estamos a sofrer à distância, o nosso corpo está na Madeira, mas a nossa cabeça e as nossas orações estão na Venezuela. Viva a liberdade!!

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