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Artigo de Opinião

17/04/2023 07:17

Por muito que se aponte o dedo a este ou aquele, o ato de votar é um ato cívico imprescindível. A democracia, não sendo perfeita, é o sistema político mais justo que conhecemos, possibilita a existência de várias expressões políticas para daí obter uma representação assente na vontade popular.

São vários os argumentos usados para nos demitirmos da responsabilidade de votar. Ora se diz que são todos iguais (mas não são), ora que o voto não tem significado (mas tem), motivos utilizados para se manterem na zona de conforto, deixar andar e logo se vê.

Mas não é bem assim! No dia após as eleições, independentemente de quem foi ou não votar, haverá uma ou mais forças partidárias que formarão um novo governo. A diferença será marcada por aqueles que decidiram ir, pois os outros, por muitas conversas de café que tenham, optaram por permanecer na zona de conforto quando podiam ter contribuído para marcar a sua posição.

Na Madeira, como em todo o mundo democrático, não existem inevitabilidades. Pode parecer como tal, por termos a mesma força partidária no poder há quase 50 anos, o que é motivo de preocupação até porque não é normal ocorrer em democracia, mas há sempre um tempo de mudar.

Ao contrário do que disse Marques Mendes, isso não acontece porque se governa bem. Se assim fosse, não teríamos os piores indicadores de pobreza do país. A Madeira não é uma região pobre, é uma região onde existe muita pobreza, derivada de opções políticas erradas que criaram uma dívida imensa, que ainda hoje nos faz um garrote, enquanto o Governo Regional força-nos a pagar mais impostos do que o necessário, para poder continuar com elevado nível de gastos em prioridades que não mudam.

A Madeira tem recursos para fazer muito melhor. A pobreza é uma consequência da degradação social, que fez crescer as carências económicas, a criminalidade e a toxicodependência. Uma boa governação seria sinal de uma população próspera e com menos desigualdades, sem a necessidade constante e incessante de arranjarem alibis e inimigos externos na República para desculpar a sua inépcia.

O Governo de Albuquerque não tem uma única medida estruturante para apresentar aos Madeirenses. Já nem falo nas promessas de renovação ou mudanças de políticas. Interessava acima de tudo melhorar a vida das pessoas, deixar para trás vícios e prioridades erradas, criar uma sociedade mais plural e livre. Nada disto foi alcançado. Quem hoje olha para a governação regional, vê propaganda, controlo das instituições, receio de falar e de participar em ações que vão contra o governo ou os partidos que o suportam. Continuamos em retrocesso.

Em 2019, nas últimas eleições regionais, viu-se uma forte vontade popular para mudar de rumo. Quem lá foi votar, recordar-se-á, tal como eu me recordo, do porquê de ter decidido ir. Houve uma grande mobilização popular que acreditou ser possível vivenciar uma mudança de políticas na Região. Foi por pouco, faltaram aqueles que não estando satisfeitos, ficaram na zona de conforto. Mas como foi possível verificar, a mudança não é impossível.

As razões que existiam para essa mudança mantêm-se atualmente. É então preciso continuar a acreditar. Essa ideia de inevitabilidade que nos tentam impor só funcionará se, daqui a seis meses, decidirem ficar na tal zona de conforto.

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