Os meus primeiros momentos a ver futebol foi estar às cavalitas do meu pai no peão, quando ele ficava cansado, colocava-me no chão e eu deixava de conseguir ver e ia brincar para a vedação. O dinheiro era pouco, por isso raramente íamos lugares sentado. E fui assim educado na mística verde-rubra do meu Clube, até na por cima da mesa de jantar da casa dos meus avós maternos existe uma equipa gloriosa equipa do Marítimo.

O Marítimo era tão importante para mim que, de todas as prendas do Natal que recebi a única que me recordo até hoje foi camisola 9 do Alex do Marítimo.

Recordo-me de brincar à bola imaginando ser jogador do Marítimo, mas nunca fui grande jogador, mas fui nadador do Marítimo.

Dia 11/6 foi fatídico, foi devastador para mim e para o meu filho de 7 anos, que expressou a sua tristeza com lágrimas e abraços: "não quero o Marítimo na 2ª Divisão." Tive de transmitir a crença de na próxima época voltamos à 1ª!

Eu nasci com o Marítimo na 1ª Divisão nem nos meus piores pesadelos via o Marítimo na 2ª Divisão, mas começo a acordar para esta triste realidade.

Mas vamos a factos: sou contra o financiamento público ao desporto profissional, só à formação de atletas madeirenses.

Refletindo sobre a importância do Marítimo para a promoção da Madeira a nível nacional, na 1ª divisão desfruta de visibilidade através da televisão, jornais de tiragem nacional, o que atrai mais crianças para praticar desporto. Será que valerá 300 mil euros essas 3 horas de promoção? Será que valerá centenas de milhares de euros em eventos "desportivos" que nem no "No comments" da Eurosport passa?

Esvaziar o Marítimo e maltratá-lo é fácil, mas quando se está de calças na mão, vão à procura de votos nos Barreiros! Essa é que é essa!

Após o fatídico jogo, as redes sociais encheram-se de comentários contra os maritimistas extensíveis aos madeirenses: sorvedores de dinheiros públicos, fiquem na ilha, vão comer bananas - estes os mais simpáticos… Claro que pode doer a muito continental estarmos na 1ª divisão, inclusive adeptos do clube com que simpatizo no continente, o que só reforça o meu "marítimismo", convém, no entanto, pensarmos para a coesão do País todo o intercâmbio, incluído o desportivo.

Fala-se em investimento estrangeiro e entregar a SAD a privados, mas todos os privados que entram em Portugal, não querem saber dos sócios, da região, veja-se o B SAD, Vilafranquense e etc. Para esta época existiam alegadamente 4 milhões. "Só", alegadamente, 1 milhão para retirar uma tribuna de cima para baixo. Mas com 3 milhões gastou-se em jogadores inócuos milhares de euros. A descida não foi falta de dinheiro, mas mau planeamento.

Numa primeira fase existiu um presidente do clube e outro da SAD, logo havia alguém só para gerir as modalidades, o hóquei a segunda modalidade, historicamente, do Marítimo que jogou em tempos gloriosos na Quinta Vigia, será que alguém viu algum dirigente em algum pavilhão? E no vólei? E na patinagem? E no ciclismo? E no ténis de mesa, que por acaso até subiu à 1ª? Ou noutra modalidade qualquer, sem ser o futebol e o andebol? O desprezo pelas modalidades é tanto que até o site oficial a parte Modalidades indica só: "Rali do Marítimo". Mas agora o Marketing ganha prémios!

De quem é a culpa? De ninguém, mas de todos, que acreditámos, tanto que regressaram ao estádio, isso foi mérito. E agora? Não se pode sequestrar sócios e claques, enganando-os com falinhas mansas. Há que assumir responsabilidades!

Ontem já era tarde! Depois de tirar o Marítimo da 1ª Divisão, querem tirar o Marítimo dos madeirenses e dos maritimistas! Continuarei a viver um cenário idílico do Marítimo. "Enganar um por algum tempo é possível, mas enganar a todos o tempo todo é uma tarefa impossível."

Craig Packer diz que: "A maioria dos leões morre em combate uns com os outros." Não deixaremos que outros leões da alcateia derrotem o Velho Leão do Almirante Reis!

Hoje sou mais maritimista que ontem e amanhã ainda mais!