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Artigo de Opinião

16/03/2022 08:00

Sendo as perdas humanas e a catástrofe humanitária que a população ucraniana já sente os principais ónus da guerra, nenhum setor económico estará imune às consequências da ação russa, sendo que os efeitos na economia global já começam a ser sentidos.

A guerra está a provocar incerteza e volatilidade nos mercados mundiais uma vez que, devido às sanções e contrassanções entre o ocidente e a Rússia, os produtos alimentares, os combustíveis e a energia e múltiplas matérias primas escassearão e, por isso, sofrerão pressões inflacionárias com impactos sociais significativos.

Adicionalmente, o fecho do espaço aéreo entre o ocidente e a Rússia atingirá fortemente o turismo mundial com o cancelamento de viagens e de alojamento em hotéis, uma vez que a necessidade de rotas mais longas tornará os percursos mais onerosos. O mercado dos cruzeiros marítimos será também fortemente atingido devido ao aumento dos custos de combustíveis.

Inúmeras empresas, entre as quais algumas madeirenses, nomeadamente na área do vinho Madeira, já tinham negócios firmados com empresas russas e ucranianas e com o despoletar deste conflito viram estes canais de comércio serem repentinamente interrompidos.

Esta interdependência entre regiões, neste contexto de enorme globalização, onde alguns países se especializaram na produção de determinados bens e serviços faz com que qualquer acontecimento fora do normal venha provocar dificuldades quer no normal abastecimento de matérias primas, energia, etc. Esta rutura nas cadeias de abastecimento às indústrias já se vinha notando mesmo antes da invasão da Ucrânia, devido à pandemia COVID-19, o que provocou muitos atrasos na entrega dos produtos acabados por parte da indústria, onde um dos casos mais flagrantes é a indústria automóvel.

Nas semanas anteriores à invasão da Ucrânia pela Rússia, os mercados energéticos já antecipavam a tensão que se vivia. Com o espoletar da guerra, estes reagiram em alta, o que se fez sentir nos bolsos dos consumidores de imediato nos combustíveis líquidos (gasolina e gasóleo), com um aumento, e também nos preços do gás natural nos mercados grossistas, que chegará aos consumidores muito em breve e que, por sua vez, afetará os preços da eletricidade.

Uma consequência desta guerra que facilmente se antevê é um desenvolvimento mais acelerado de alternativas energéticas baseadas em energias renováveis.

A recente crise despoletada pela guerra na Ucrânia, veio evidenciar a necessidade de existirem no seio das empresas planos de contingência face a grandes alterações nos mercados. Daqui, facilmente deduzimos que as empresas não podem estar apenas dependentes de alguns fornecedores / clientes / mercados.

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