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Artigo de Opinião

Psicóloga

21/07/2024 07:35

Falar sobre a canábis hoje em dia é controverso. Criou-se a ideia, errada, de que a canábis é uma planta inócua e que é “normal” todos os putos fumarem um charro. Vamos dar uma perspetiva de saúde para que os leitores possam estar mais bem informados.

É uma planta com diferentes variedades, sendo a mais conhecida a “canábis sativa”, o que resulta em diferentes características químicas da planta. Logo a expressão “É uma planta natural” cai por terra, pois é uma planta com muitos químicos, os canabinóides (mais de 100!!), dos quais se destaca o THC (tetra-hidrocarbinol) por apresentar maiores riscos para a saúde.

Fumar é a forma mais popular do seu consumo, mas pode ser vaporizada, inalada e ingerida. Fumada tem efeitos mais rapidamente. Quando ingerida, é igualmente perigosa, porque os “hariballs” de canábis (ex. bolos, gomas) demoram 20 a 30 minutos após a ingestão a terem efeitos. Existe o risco de a pessoa ingerir mais quantidade, uma vez que o efeito não é imediato.

Hoje em dia é possível plantar canábis quase em condições ótimas (de lembrar que o cultivo para fins recreativos é ilegal em Portugal), o que tem impacto na sua potência, que tem vindo a aumentar. A maior parte da canábis em circulação é de alta potência, o que equivale a uma concentração de THC superior a 10%. Ora introduziu-se aqui um elemento-chave para a perigosidade desta substância, a sua elevada potência. O charro de hoje em dia é potencialmente muito mais nefasto para a saúde de quem o consome, em especial dos nossos jovens, cujo sistema nervoso central e cérebro ainda estão em desenvolvimento.

Não há evidência científica que fumar canábis é benéfico para a saúde mental.

Muitas são as pessoas que acham que fumar canábis é terapêutico. Nada mais errado!

A canábis medicinal é indicada em doenças específicas, nunca é o tratamento de 1ª linha e só é comercializada sob a forma de medicamentos autorizados pelo INFARMED. Carecem de receita médica. Todos os outros produtos à base de CBD, vendidos como “com propriedades terapêuticas”, como os óleos de CBD, mais não são do que placebos e não têm nenhuma eficácia terapêutica.

Não se deixe ir em modas! A “canábis” é um químico, não é natural!

Consumir canábis e o diagnóstico de transtornos psicóticos

Consumir canábis em idades jovens (abaixo dos 21 anos) aumenta o risco de psicoses. Fumar canábis diariamente pode aumentar pelo menos em 4 vezes o risco de ter um 1º episódio psicótico que pode resultar numa esquizofrenia por psicose ou no desenvolvimento de uma perturbação bipolar por psicose. Muito cuidado pois nenhum de nós sabe se poderá ter um surto psicótico nem qual a nossa suscetibilidade genética!

Canábis agrava a Ansiedade

Algumas pessoas acham que ao fumarem canábis ficam menos ansiosas. Ora bem, no início o efeito agudo é ansiolítico, mas a longo prazo agrava o quadro de ansiedade.

Canábis não trata a Depressão

Se tiver uma perturbação da ansiedade ou um transtorno depressivo, fumar charros poderá comprometer a adesão terapeuta aos fármacos específicos para estas situações diminuir a sua eficácia. Procure um profissional de saúde e inicie o processo de tratamento.

Canábis pode diminuir a Inteligência

Fumar canábis regularmente em idades precoces (infância e adolescência) pode repercutir-se numa diminuição do QI e no desempenho cognitivo.

Canábis causa dependência

Quanto maior a taxa de THC mais aditiva é a canábis. Tem uma dependência associada ao consumo de canábis se tenta parar e não consegue, está a fumar mais do que o que fumava e se continua a consumir apesar de saber que cognitivamente não está bem.

Legalizar a Canábis? Nunca!

A legalização diminui a perceção do riso e contribui para o potencial aumento do consumo nas faixas etárias mais abaixo (os adolescentes), cujo cérebro ainda está em desenvolvimento.

Legalizar a canábis é um erro!

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