Este agosto foi um mês de graça. E de encontro. E de perdão. As Jornadas Mundiais da Juventude obrigaram o mundo (apesar de tanto desencanto) a pensar na Igreja e, sobretudo, na Esperança. Percebemos que ainda há quem não tenha vergonha de dizer que é de Cristo e que ainda acredita que é possível um mundo onde todos tenham lugar.
Fixo as minhas palavras nesta perplexidade feliz: ainda há quem procure mais do que instante, mais do que a alegria que o álcool proporciona, mais do que os comentários das redes sociais, mais do que a ilusão de eternidade do reconhecimento público, mais. Há quem procure mais. E isso é razão para não desistir.
À frente desta multidão a caminho, o Papa Francisco - frágil, humilde, forte, corajoso - semeava palavras como tolerância, como liberdade, como inclusão, como sonho, como olhar, como silêncio. E ia. Sorrindo. Envolvendo. Abraçando. Tocando e deixando-se tocar. Olhando para cada um (de nós) e dizendo,
- não tenham medo de sonhar.
E eles que sim. Que eram a juventude do Papa. E nós que sim. Que não podemos perder esta experiência.
Falou-se muito destes dias. Emocionamo-nos todos. Participamos deste movimento que acordou o mundo e mostrou um país capaz. Fomos todos Juventude. Fomos todos do Papa. Fomos Igreja.
E agosto correu. São as férias e o calor. São os concertos e os festivais. São os gritos e os silêncios. É a vontade de não deixarmos perder o que o princípio do mês nos ensinou: que a Igreja ainda vai a tempo de voltar a fazer-se enamorar. Estaremos prontos para cuidar desta semente? Temos coragem de sujar as mãos? Ou vamos deixar tudo como está?