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Artigo de Opinião

28/06/2024 08:00

Há uns tempos um jovem na política escrevia um artigo de opinião a dizer que eu neste tempo parecia que só tinha aprendido a usar a palavra responsabilidade.

Ainda que assim foi, não poderia ter agido de outra forma quando em setembro de 2023 assumi única e simplesmente o meu lugar na Assembleia, conseguido pelo voto das pessoas e que o único que ganhei com o acordo que assinei, foi o dobro do trabalho e da responsabilidade. Ser responsável é sair muitas vezes da zona de conforto, ser corajosa é fazer coisas que não agradam a todas as pessoas, às vezes nem às nossas próprias pessoas.

Ter discernimento é saber separar críticas construtivas de ataques pessoais e mesquinhos a atitudes que são meramente políticas e nunca pessoais. Neste tempo na política não aprendi só sobre responsabilidade e também nunca assumi mais do que conseguia ou que me era devido. Aprendi que não somos todos iguais, mas dá jeito que se pense assim. Aprendi que a Madeira por muitos partidos que existam ainda gira em torno de 2 e por isso não saímos desta guerra entre direita e esquerda. Que há muita iliteracia política, mas também falta de responsabilidade, basta ver os comportamentos na Assembleia.

A política tem de ser mais do que luta de egos, masculinos essencialmente, sim, porque as mulheres são poucas e nota-se logo a diferença quando elas têm voz. A chantagem é de todos os lados e ser o “adulto” na sala, não pode ser só quando temos os holofotes. Com todo o mau, também há esperança, no tão apregoado diálogo que agora se fala com a maior naturalidade, com a aceitação sem dúvidas de acordos de incidência parlamentar, com a tal “maturidade política”, que se tornou a expressão do ano. Afinal o mundo não gira à volta nem de 2, nem de 3 partidos por muitos votos que eles tenham. E os partidos com 1 deputado/a ou 2 também fazem falta e diferença, pelo menos os que têm a coragem de sentar e dialogar, mesmo com quem não se gosta ou concorda tanto.

Talvez faça falta mais pessoas do social na política, pessoas habituadas a lidar com pessoas, a ter que trabalhar em equipa, a ter jogo de cintura para arranjar soluções aos mil e um problemas que surgem. Faz falta pessoas das pessoas, que já tiveram em empregos precários, que sabem quanto custa a vida, que já lidaram com familiares sem teto, com ter de vender a casa para ter dinheiro, pessoas que tiveram que arregaçar as mangas e fazer por si. Ou mais ativistas, malta do terreno, que faz tanto com tão pouco e que aprende a criar pontes para levar avante o que defende.

Precisamos menos de pessoas mesquinhas, que vivem à base da especulação, da desinformação, do apontar o dedo sem apresentar soluções. Precisamos menos das pessoas que gostam de estar confortáveis, sentadas nas cadeiras a ver as decisões serem tomadas, mas sem se querer envolver, não vá desagradar alguém. Pessoas cansadas e que por isso ficam toldadas pelo passado e não conseguem olhar para o futuro. Talvez mais jovens, com garra, energia sem os vícios e a visão do costume. Mas jovens que não venham formatados, trabalhados, que apenas se juntaram à política com aspirações de chegar a lugar x ou z, porque “sempre foi assim”. Mas este é apenas um desabafo, mais do que uma opinião, até porque sou inexperiente na política e há quem goste de achar que não tenho ideias próprias ou que preciso dos senhores para me orientar. Talvez por isto também faltem mais feministas, homens e mulheres, pessoas empoderadas que se respeitem e saibam estar.

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