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Artigo de Opinião

Médico-Dentista

21/01/2024 07:30

Antigamente dizia-se muito que “quem não se sente não é filho de boa gente”. Nos dias de hoje a coisa pia diferente. Parecem querer fazer-nos acreditar que “quem não rouba ou mente não é filho de gente”. A sério! Escrevo isto porque tenho recebido vídeos atrás de vídeos com um tal de Pedro Nuno Santos a meter os pés pelas mãos, cada vez que lhe fazem uma pergunta. Se num dia era neto de sapateiro e cabia-lhe o sapato remendado, no seguinte já vinha de uma classe privilegiada com tudo pronto a vestir. Umas vezes não sabia de nada da TAP, da CP, dos CTT e do aeroporto, outras dominava os dossiês como ninguém. Ultimamente diz querer resolver os problemas do país.... Esquece-se é que foi, também ele, um dos que os criaram!

Mas o que me traz cá hoje nem é política. É mesmo perceber o que se passa na cabeça das pessoas.

Se na do mais que provável futuro primeiro-ministro já se percebeu que o tico está de Costas voltadas para o teco, na do famoso assaltante do banco de Câmara de Lobos eu não faço ideia.

Uns dizem que foi apenas buscar o que era dele. Não sei. Outros que foi um acto de desespero. Pode ter sido. Outros ainda que anda a ver filmes a mais. Também é possível. Mas o que eu não esperava mesmo era que a fuga tivesse durado tão poucos episódios e o final tivesse sido aquele. Juro que pensei para mim que as autoridades se fossem ver e desejar para apanhar o fulano. Primeiro porque a maior parte dos polícias estava de vigília na Praça do Município ou a cantar o hino nos Barreiros. Depois porque não estamos habituados a assaltos destes por cá. Há quem roube bancos sim, mas com a cara destapada. Fazem-no sem amarrar ninguém. Escusam-se a estudar as rotinas. Roubam quando e quanto lhes apetece e se forem acusados de alguma coisa ficam logo com Alzheimer ou dá-lhes episódios de falhas de memória seletivas. Esqueçam...

E ainda porque ninguém contava que se fizesse um assalto sem aparato algum. Parecia ter sido tudo bem feito. O dia estava chuvoso. Permitia andar mais tapado do que o habitual e menos pessoas andariam pela rua. O horário também foi bem escolhido. Quando perguntaram ao vizinho se tinha visto alguma coisa, ele respondeu logo que provavelmente até se tinha cruzado com o audaz meliante, mas por serem 8 e tal, jamais pensaria que fosse ele. Entendo. Provavelmente, na cabeça dele, os assaltantes não pegam no trabalho antes das 9h.

Por sorte o homem não pensou em tudo. A fuga foi feita no seu próprio carro, prévia e estrategicamente estacionado na rua de cima. De frente para umas câmaras de vigilância. Eishhhh. Que azar. Quase que dava, parceiro. Mas vá. Agora, em vez de baixar os braços, é levantar a cabeça e pensar já no próximo. Como fazem os futebolistas. Quanto mais treinam, mais próximos estão de ser felizes.

Infelizes parecem começar a estar os estrangeiros que por cá decidiram assentar bagagens. Pelo menos é o que dizem as tais línguas. Queixam-se de actos xenófobos praticados por madeirenses. Não todos, claro. Por exemplo, o Presidente do Governo afirmou logo não ter conhecimento de nada disso e até foi mais longe. “Acho que não há nenhuma família madeirense que não tenha tido um familiar emigrado”, disse. E é verdade sim senhor. Eu tive uma tia que foi e veio. Um primo que quase que ia. E uns poucos que não foram, mas podiam ter ido. Porém, isso não quer dizer rigorosamente nada. O facto de muitos conterrâneos meus se terem sujeitado a emigrar não quer dizer que agora seja obrigado a acolher todos os que se (re)lembraram que a Madeira existe.

Se vierem para produzir, como os de cá foram, sintam-se em casa. Se vêm para mamar nas beiças (desculpa pai, mas herdei esse teu defeito de não poder ver ninguém parado), bem podem começar a pensar ir para as Desertas. Mamões já temos cá que chegue. É que a vida é como a matemática. Se está fácil, está errado.

Parecido com a MaMadeira está o Chega. Se, no início, estiveram os corajosos, agora tudo o que não tem espaço noutras agremiações abraça a causa e aprochega-se. Tenha cuidado, o partido. É que alguns, ao contrário do que pensam, podem afugentar votos. É malta que, comprada ao valor que vale e vendida ao que pensa que vale, deixa qualquer um rico. Ricos meninos.

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