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Artigo de Opinião

19/04/2022 08:00

Estes fundamentos correspondem a narrativas tão absurdas e ilógicas que parece impossível que alguém acredite nelas sem as contestar sequer. E, contudo, há todo um povo intoxicado com esta propaganda fomentada pelo Kremlin e pela comunicação social russa, a par de uma política de censura e repressão, que funciona e cimenta a legitimação da invasão e da destruição do povo ucraniano. "A história é escrita pelos vencedores. Putin sente-se à vontade para ser o historiador único desta guerra, porque a verdade foi abolida na esfera da informação da Rússia", escreve Clara Ferreira Alves, a 8 de Abril de 2022.

Quanto mais vejo e leio na comunicação social madeirense a narrativa que Pedro Calado está a construir sobre os 30 milhões de euros que a ARM reclama do Município do Funchal, mais me convenço de que por cá também há quem pretenda "desnazificar" o Funchal, sentindo-se perfeitamente à vontade para o fazer, pois sabe que não haverá qualquer ação de investigação de quem publica estes textos, limitando-se a divulgar a narrativa que lhes chega de bandeja à mesa. Sim, porque há quem pretenda apagar da memória dos Funchalenses que Pedro Calado, para além de ter deixado uma dívida record de 100 milhões de euros, usou verbas do Município em 2 contratos "swap" no valor de 20 milhões de euros, gerando um prejuízo de cerca de 1 milhão de euros. Sim, porque há quem pretenda apagar que Pedro Calado parece estar a fazer o impensável: supostamente decidiu sobrepor-se à justiça, assumindo que a ARM tem razão e fazendo recair sobre os munícipes um aumento de 20% do valor da água. Parece também querer ignorar-se que o executivo de Pedro Calado já acumulou mais 3 milhões a este valor da ARM.

Por outro lado, o seu desejo de "desnazificar" o Funchal vai tão longe, que pretende inserir nas contas do Funchal todos os valores que puder, para supostamente denegrir quem pôs ordem nas finanças e defendeu os interesses dos munícipes, somando alhos com bugalhos, tentando atingir o valor da dívida que deixou ao município, numa gestão calamitosa de má memória.

Há guerras que se fazem com bombas. Outras há que se constroem com mentiras, ódios e demagogias, devidamente apadrinhadas por quem as pode divulgar. O atual executivo do Funchal constrói a sua narrativa com vários propósitos: misturar a Câmara com o PSD, unindo-os na cor e na imagem do partido, como se fossem uma só entidade; pretende também descredibilizar quem não é politicamente laranja, inventando dívidas escondidas e tentando passar a ideia de que os executivos municipais anteriores recebiam o dinheiro cobrado pelo valor da água, não o pagando à ARM, quando as próprias faturas da ARM incluíam o valor reconhecido pela CMF pago integralmente, e o valor não reconhecido que está a ser dirimido em tribunal.

Dar a razão à ARM e abandonar o caso que está em tribunal é uma atitude gravíssima que lesará enormemente o município do Funchal. Se isso acontecer, vai ter um nome e um responsável: Pedro Calado. Apesar das mentiras, a verdade não desaparece. Também Galileu terá dito "E pur si muove" (e, no entanto, ela move-se), quando a Igreja o obrigou a renegar a sua teoria de que era a Terra que girava à volta do Sol. Hoje sabemos que ele tinha razão, apesar de todas as narrativas construídas na altura.

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