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Artigo de Opinião

Professor

18/11/2024 03:30

Sabemos que os bastidores da política têm uma essência própria. Num micromundo que vive hermeticamente. Quem lá está faz pela vida. Pela sua, do seu partido, do governo, do seu grupo parlamentar, da instituição que dirige ou representa. A maioria até faz o melhor que pode ou sabe. Em nome da população e dos seus eleitores. Há como que um mundo lá dentro que é percecionado de forma diferente pelos que estão de fora. E de fora está toda uma população madeirense que se cansa de tantos jogos de espelhos. Que quer estabilidade. Que não quer eleições de seis em seis meses. Até porque, para a maioria, a coisa não está assim tão mal. Há trabalho, dinheiro no bolso. E, com novas eleições, poucos acreditam em mudanças significativas.

Mas, para quem manifesta curiosidade pelo que se passa no interior da bolha político-partidária madeirense, os últimos tempos têm sido um regabofe. E não há um só partido que escape. Todos dão o seu contributo para a perplexidade que nos atinge todos os dias, desde a complexa viabilização do programa de governo que permitiu a Albuquerque mantar-se à tona de água.

A começar pelo PSD. Cada vez mais soterrado pela insensatez do seu líder que se recusa a aceitar o inevitável. Dificultando até uma saída decorosa do próprio partido. Ganhar eleições por vezes não é suficiente para ficar a governar. MA tem de ceder o lugar para finalmente o partido poder procurar a estabilidade necessária. Adiar esse imperativo está a criar um ambiente implosivo dentro da única estrutura política até agora capaz de governar a região. São demais os sinais de rutura. Já parece uma agonia, um suplício. Que tem muitos outros responsáveis, para além de MA.

Há também o CHEGA, o partido que criou a ilusão de puritanismo político. O partido que ia limpar o país, as regiões e as câmaras municipais. Que rapidamente se muniu de eleitos capazes do piorio que o mundo da política alguma vez conheceu. Que não tem palavra. Que diz tudo e o seu contrário. Que faz pela vida dos eleitos esquecendo os eleitores. Que anda à briga por lugares e benesses. Que só trouxe para a política uma forte sensação de vergonha alheia.

E o inefável PS. Sempre à procura de se encontrar. Cada vez que surge uma oportunidade, logo se fragmenta. Numa autofagia política digna de estudos. Um grande partido a nível nacional e internacional, mas que nunca soube encontrar o seu lugar nesta região. Um partido assustado com a perspetiva de mais um fracasso eleitoral que provoque nova crise interna, num interminável carrocel de insucessos. Incapaz de liderar uma frente alternativa por não ser confiável e não ter uma liderança sólida.

Há ainda o JPP. Entre a espada e a parede. Por um lado, não quer eleições com medo de vir a perder alguns deputados. O último resultado foi excecional e o mais certo é que não vai repetir-se. Por outro lado, não quer perder a face e alguma liderança no processo de derrube do governo que permanentemente critica. Mais do que qualquer outro na oposição, o JPP lidera em populismo e demagogia. Que tem sucesso, mas sempre a prazo.

A indizível IL e o surrealista PAN acrescentam fantasia naquela molhada de protagonistas que fazem a política mais parecer um palco de entretenimento do que um lugar de decisão responsável sobre a vida dos cidadãos.

Numa palavra, para quem observa à distância, parece como no futebol. Estão todos com medo de atacar porque podem sair das eleições com uma goleada. E, alguns, sem o seu lugar de deputado.

Emanuel Gomes escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas.

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