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Artigo de Opinião

9/07/2024 08:00

... que, com raiva da formiga, votou no inseticida...

Esta frase batida surgiu-me por causa do rumo que a política tem seguido no mundo ocidental e na RAM, que dele faz parte integrante. Percebemos que muita gente está desiludida com a classe política por acharem que as promessas não são para cumprir, mas sim para os partidos angariarem votos e verem os seus deputados eleitos. Por isso, votam noutros protagonistas. Escolhem partidos recentes, achando que eles serão o instrumento da mudança que desejam. Acreditam no discurso generalizado de que não interessa a ideologia dos partidos, que não há direita nem esquerda, o que há são “causas”. Poucas pessoas leem os programas dos partidos e preferem acreditar nos chavões que as redes sociais propagam, sem sequer verificarem se correspondem ou não aos princípios programáticos de quem vai a votos ou como se propõem alterar o estado das coisas que tanto criticam. Desencantadas, optam por fazer fé nas frases dos cartazes, achando que correspondem a programas de ação reais. Pensam que votar em quaisquer outros partidos, sejam eles quais forem ou que ideais tenham, é uma forma de mudar as coisas ou de castigar pessoas de quem ficaram fartas. Acreditam e reproduzem acriticamente as campanhas criadas para destruir o maior partido da oposição, colaborando na manutenção do PSD no poder.

Na semana passada vimos a Moção de Confiança de Miguel Albuquerque ser aprovada na Assembleia Legislativa da RAM. Quatro dos sete partidos que tinham andado a rasgar as vestes contra o PSD e o seu líder, Miguel Albuquerque, afirmando que com eles NUNCA haveria coligações ou alianças, esqueceram rapidamente os discursos e chavões que foram usando antes e durante a campanha eleitoral, para rapidamente se posicionarem ao lado de quem tem governado a RAM ao longo de 48 anos. Com o voto a favor do CDS e do PAN e as abstenções, violentas ou não, da IL e de três deputados do Chega, a Moção de Confiança do PSD foi aprovada. Quem votou CDS, Chega, IL ou PAN, pensando que estava a votar em soluções e projetos diferentes para a RAM, percebeu finalmente que afinal tinha razão o Partido Socialista, que sempre afirmou que estes quatro partidos eram o Plano B do partido laranja para se eternizar no poder que já exerce há mais de 48 anos.

O PSD e estes quatro partidos continuam a legitimar uma maneira de fazer política em que tudo é negociável e em que as questões da ética e da corrupção se apresentam como meros artifícios para mascarar os interesses dos partidos.

As pessoas votaram no inseticida e serão asfixiadas pelas medidas que têm mantido a RAM como uma das regiões do País campeã da desigualdade, da pobreza, da privação. Talvez percebam que essas desigualdades têm consequências diretas nos 2 anos a menos que a população madeirense tem na esperança média de vida em relação à do continente português. Talvez percebam que se o PSD nunca quis resolver estas desigualdades em 48 anos, também não o vai fazer agora.

Neste percurso sobrevivente, o PSD tem usado diversos aliados que, aparentemente, nada têm a ver com o seu partido. Vimos isso na aprovação da Moção de Confiança. Temos visto isso no apoio que o PSD e alguma comunicação social dá a personagens que parecem querer afirmar-se como uma alternativa credível, mas mais não fazem do que tentar descredibilizar e destruir o maior partido da oposição na Região. Sim, o PSD tem sobrevivido construindo vários planos B que mais não são do que braços armados do partido laranja para que o poder nunca mude de mãos na RAM.

Talvez agora haja cigarras que compreendam que o inseticida também as destruirá.

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