Neste evento, aberto à participação de quem se quis inscrever, foram abordados, uma vez mais, assuntos do maior interesse para a nossa diáspora: a participação política e a representatividade; a mobilidade entre os países de acolhimento e a Madeira; o funcionamento dos postos consulares; as políticas nacionais para a emigração e para as comunidades; o ensino da língua portuguesa; a sobrevivência das comunidades enquanto estruturas organizadas; a promoção da cultura portuguesa e madeirense e a sua passagem às novas gerações; a situação política, social e económica de algumas das principais comunidades de acolhimento.
Como se vê, foram muitos os temas abordados e na edição de hoje, do JM, estarão, com certeza, algumas das principais conclusões que foram extraídas.
Mas abordo este tema porque, infelizmente, os nossos emigrantes e as nossas comunidades na diáspora continuam a ter muitas razões de queixa absolutamente legítimas, conforme se pode constatar nas observações feitas ao Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.
Portugal continua a ser um país que não compreende a riqueza que constitui a sua imensa diáspora e não a valoriza devidamente. Não é de agora, é certo, mas quando finalmente os governantes começam a perceber que há aqui um património com relevância também económica e financeira, não é compreensível que a República continue a adiar as soluções para os problemas que afetam as nossas comunidades.
Se para mais não servir, ao menos que o Secretário de Estado leve esta mensagem ao Primeiro-Ministro. Se não é capaz de o fazer por si próprio, que alguém o faça ver que as comunidades não valem apenas quando quer eleger algum deputado. Ou quando pretende manipular os afetos destas pessoas para ganhar eleições.
E já agora, também seria importante que António Costa entendesse que não deveria usar o aparelho de estado para efeitos de política partidária. Porque todos percebemos que a verdadeira razão da escolha de Paulo Cafôfo para a pasta das Comunidades Portuguesas nada tem a ver com pensamento político ou competência técnica. O motivo foi apenas um: garantir exposição mediática àquele que vai ser o cabeça-de-lista do PS-M às eleições legislativas regionais de 2023. Que se desengane Sérgio Gonçalves e todos aqueles que julgam o contrário. Costa não daria este "brinquedo" a Cafôfo se não fosse por este motivo. Até porque Costa, que não é parvo nenhum, tem pastas muito mais inócuas que poderia atribuir, se a intenção fosse apenas assegurar um exílio dourado ao derrotado de 2019. Se as Comunidades Portuguesas são entregues nas inexperientes mãos de Cafôfo é porque quer que seja ele o candidato do PS-Madeira. Não faz sentido, na lógica maquiavélica de Costa, outra coisa. O líder do PS não faz esta aposta a apontar para 2027. Daqui até lá é uma eternidade: Costa pode já não estar em Portugal e pode não ser o Secretário-Geral. Mas António Costa quer ficar na história como o líder do PS que derrotou o PSD-Madeira. Como ele próprio reconheceu, vive obcecado com a nossa terra e com o nosso povo. E sabemos que a obsessão é uma doença!
Tal como o PS local vive obcecado com os migrantes e muito concretamente com os luso-venezuelanos. Atribuem a sua derrota, em 2019, aos milhares de regressados que votaram maciçamente no PSD-M e isso é algo que os socialistas do burgo nunca perdoaram a esta comunidade. Nota-se pela forma colérica como se dirigem e quando em causa estão assuntos que digam respeito a esta faixa da nossa população.
Findo o Fórum Madeira Global 2022, ficamos a aguardar que alguma coisa seja feita, de facto. Esperemos que o Secretário de Estado tenha estado atento e leve para Lisboa as justas reivindicações dos nossos emigrantes. E que, sabendo interpretar esses desígnios, aja em conformidade. Porque governar não é anunciar: governar é fazer! Comece a fazer, senhor Secretário de Estado.