A Madeira regista, pelo segundo ano consecutivo, média positiva nos exames nacionais. Foram quase 4500 os alunos madeirenses que se sujeitaram a exame, em 15 escolas da região, realizando mais de 6300 provas. Em cerca de 50% das disciplinas os nossos alunos não só tiveram média positiva como conseguiram subir a média face a 2023.
Confesso, estou feliz com este trajeto. Mais que feliz, estou otimista. A escola e a educação não são só exames, mas também são exames. Exames feitos na esmagadora maioria em escolas públicas, por alunos de todas as origens sociais. Na escola pública, a que inclui e promove a transformação social. A escola pública sonhada que se materializa não só pela igualdade de oportunidades, mas acima de tudo pela equidade nas oportunidades. A nossa maior obra. A obra maior da Autonomia.
A Região mudou fisicamente. Tornou-se mais próxima e mais segura. A região mudou economicamente. Uma economia mais diversificada, com as tecnológicas a se afirmarem e a permitirem que madeirenses, desde a Madeira, trabalhem para o mundo. Porém, e acima de tudo, a Região mudou socialmente! Criamos novos madeirenses, arejados e assertivos, livres e sonhadores! A geração fruto da autonomia, filha dos filhos da democracia, foi feita na escola pública! Na escola pública espalhada pelos onze concelhos. Na escola pública que junta os filhos dos menos favorecidos com os filhos dos mais bafejados socialmente e todos leva até ao 12º ano, abrindo-lhes as portas do ensino superior. Sim, cerca de 90% dos alunos madeirenses que se candidatam ingressam no ensino superior. Voam pelos quatro cantos do país. Fazem Erasmus nos quatro cantos da Europa. Concluem licenciaturas, mestrados e doutoramentos. Ingressam em empresas, criam as suas empresas e não prescindem dos seus sonhos e valores. Uns voltam agora, outros voltam mais tarde. Outros não voltarão. São madeirenses do mundo, feitos na escola pública regional. Sorrio com os seus percursos e opções. Só me entristece que alguns, por cá, não percebam a grandeza desta transformação social.
É por isso que neste orçamento regional empenhamos quase 500 milhões de euros na Educação. A segunda secretaria regional com mais dotação financeira. A aposta na educação tem custos e tivemos de os assumir. Foram décadas e séculos de atraso e ostracização. Foi preciso fazer em pouco tempo o que não foi feito durante muito tempo. A maior obra não é feita de betão! A maior obra é feita de gente! A obra maior tem como ingredientes projetos educativos, apoio à ação social escolar, manuais, livros e tantos outros recursos educativos. É feita por professores.
Essa classe, nem sempre compreendida, que molda espíritos e concretiza sonhos. É feita também por um grupo anónimo de não docentes, do assistente operacional ao técnico superior. Eles também são obreiros. A obra maior é feita pelas famílias madeirenses. As que acreditam, trabalham e confiam, escolhendo sabiamente quem querem e o que querem. Juntos, mudamos a Madeira. Juntos, criamos melhores alunos e melhores madeirenses, espalhados um pouco por todo o mundo! Sou feliz por isso, ou não fosse professor de carreira.