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Artigo de Opinião

Presidente da Câmara Municipal de Porto Moniz

26/10/2022 08:00

A realidade da emigração diz-me muito porque embora não a tenha vivenciado na primeira pessoa, vivi-a e senti-a dentro da minha casa, a cada partida e a cada regresso do meu pai e da minha mãe, ambos emigrantes nas Ilhas do Canal.

Quem é emigrante guarda na sua memória as pessoas, as paisagens e os cheiros da sua terra e o encontro com alguém oriundo da nossa terra parece ser a forma ideal de revivência de tudo isso, como se, de repente, se conseguisse viver, rever ou reviver tudo numa pessoa. Confesso que sinto sempre muito orgulho de representar a população do Porto Moniz, mas senti-o de um modo muito especial durante esta semana.

Quem atravessou oceanos, de avião ou, antes disso, a bordo do navio Santa Maria, levou efetivamente as Achadas da Cruz, o Porto Moniz, a Ribeira da Janela e o Seixal no coração e é por essa razão que todo eles, sem exceção, olham para quem os visita como se fosse família, numa saudação fervorosa só ultrapassada pelo brilho no ar, brilho que é misto de saudade, de alegria e de emoção.

Tanto quem recebe como quem visita fá-lo com um misto de sentimentos, mas confesso que o que mais me tocou foi a proximidade que se estabelece com pessoas que, em alguns casos, nunca se viu ou há muito não se vê, mas que pelo facto de virem da nossa terra e de um contacto próximo com quem nos diz tanto são sentidos como se fossem "de casa".

Senti-me em casa, num país que sabe acolher e onde os nossos emigrantes mostram estar muito bem integrados. Apesar de todas as vicissitudes, e embora se saiba que a Venezuela está longe daqueles que foram os seus tempos áureos, causou-me enorme satisfação perceber que ainda há muitos empresários do Porto Moniz bem-sucedidos naquele país, mas que há, sobretudo, muita gente do Porto Moniz que se sente feliz naquele país.

Senti-me em casa e profundamente honrado por levar aos nossos emigrantes a satisfação de serem visitados por quem os representa e representa os seus. É em momentos como estes, de proximidade e partilha, que a vida política mostra ser extremamente compensadora e enriquecedora.

No Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Los Teques, tive oportunidade de vivenciar, de uma forma muito especial, a força da Fé e o empenho que a comunidade madeirense colocou na edificação daquela obra. Senti-me fortemente imbuído pela mística daquele lugar que me disse tanto, mais ainda talvez por ser Nossa Senhora de Fátima a minha Madrinha de Batismo.

Por onde passamos, transmiti palavras em nome de todos os que nasceram, vivem e trabalham no concelho de Porto Moniz, realçando que temos orgulho de quem, sendo daqui natural, fez a sua vida a pulso e com muito espírito de sacrifício, fora de portas, mas sem nunca esquecer o lugar onde nasceu.

Fiz questão de referir que o Porto Moniz está preparado para receber os que queiram cá investir, assumindo-se, a esse nível, o Plano Estratégico de Marketing Territorial, como uma excelente ferramenta de apoio.

Fiz questão de referir que o Porto Moniz está preparado para os receber de volta, de visita ou de forma definitiva uma vez que, desde a primeira hora, as nossas políticas sociais foram pensadas para incluírem, sem qualquer tipo de discriminação, todos quantos, depois de um percurso de emigração, regressem para trabalhar ou simplesmente para viver, de forma calma e tranquila, a fase da vida em que se merece usufruir de bons momentos e em que se espera que nos seja retribuído o esforço de um percurso de trabalho.

Regresso ao Porto Moniz levando na bagagem o carinho de toda a comunidade madeirense em geral e dos emigrantes naturais do Porto Moniz em particular. Regresso de coração cheio por ter sido tão bem recebido por quem sem encontra na Diáspora, sempre com a Região Autónoma da Madeira e o Porto Moniz no coração.

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