A falta de mão-de-obra qualificada é atualmente um problema à escala europeia. Ciente desta realidade, a Comissão Europeia propôs recentemente medidas para ajudar a resolver aquilo que classificou de “escassez crítica de mão-de-obra”, que afeta uma série de profissões e setores, tais como os cuidados de saúde, a assistência social, a construção civil, os serviços de alojamento e restauração e as tecnologias da informação e da comunicação (TIC).
Para termos uma ideia da dimensão do problema, estima-se que já hoje estejam em falta cerca de 11 milhões de postos de trabalho na área das TIC – que deverá aumentar para 20 milhões até 2030 – e na ordem de 1 milhão nos serviços de alojamento e restauração, um setor particularmente importante para a Região. Isto num cenário de uma Europa cada vez mais envelhecida, que fará com que a população em idade ativa na UE diminua de 265 milhões em 2022 para 258 milhões em 2030.
Para mitigar esta falta de mão-de-obra, a Comissão avança com várias soluções, a primeira das quais a melhoria das competências e a reconversão profissional dos trabalhadores no ativo. Mas como esta medida não será suficiente, é proposto ainda a aposta na mobilidade dentro da UE, bem como a atração de competências e talentos de fora da Europa – leia-se “migração legal” –, com a Comissão a considerar que sem este tipo de medidas as empresas da UE não terão capacidade para competir à escala global. A isto foi dado o nome pomposo de “Reserva de Talentos da UE”.
Seguir-se-á a discussão destas propostas, mas já é bom de ver os problemas que daqui decorrerão, desde logo para países como Portugal, cujo nível dos salários é manifestamente insuficiente para evitar a crescente fuga de trabalhadores para outros Estados-Membros.
Para a Região a situação não será menos desafiante, sendo fundamental continuar a fortalecer os fatores de competitividade e de atratividade da nossa economia – a melhor forma de reter os melhores e captar novos talentos –, mas sem descurar medidas tais como a aposta na digitalização, que permita libertar recursos humanos para outras áreas, bem como – e porque não – o fomento de boas práticas para atrair trabalhadores de fora para suprir as carências em áreas específicas que não possam ser satisfeitas com trabalhadores da Região. Estas propostas da Comissão poderão dar uma ajuda.