O tempo é uma corrente invisível que flui incessantemente, um rio que não se deixa conter por margens ou represas. Impossível travá-lo, e, no entanto, há momentos em que tentamos, de olhos cerrados, como se num gesto de pura vontade pudéssemos fazer parar o ponteiro, fixá-lo num instante eterno. Mas o tempo, esse alquimista impiedoso, nunca volta atrás. Cada segundo que passa é uma folha que cai de uma árvore imaginária, perdida para sempre no vento do que já foi.
A natureza do tempo é ser irreversível, um mistério que desliza entre os dedos sem que possamos sequer compreender sua verdadeira essência. Tentamos aprisioná-lo em memórias, fotos, palavras... mas ele escapa, leve como um suspiro. O passado dissolve-se como névoa e o futuro é um horizonte sempre distante, que nos chama sem promessa de chegada.
Por isso, há uma urgência silenciosa em cada amanhecer, uma necessidade de aproveitar este instante que nos é dado como um presente raro. Cada momento é único e breve, uma oportunidade que não se repete. Deixar-se perder nas tramas da espera ou do arrependimento é esquecer que o verdadeiro tempo é o agora, pulsando no coração de quem sabe que a vida só existe neste exato segundo.
Viver no presente é honrar o tempo. É reconhecer que ele não pode ser controlado, mas pode ser vivido com profundidade. É um convite a sentir cada batida, cada respirar, como se fossem a última música de uma sinfonia eterna. O tempo passa, sim, mas ele deixa o eco daquilo que fomos capazes de viver com autenticidade.