O nosso desenvolvimento moral dita o modo como "julgamos" os comportamentos dos outros. Para qualquer "julgamento", levamos a nossa história de vida e o estádio de desenvolvimento moral que estamos nesse momento. Kohlberg foi o psicólogo que investigou e descreveu os nossos Estádios de Desenvolvimento Moral.
Segundo ele, a criança começa a perceber o que é certo e errado pelas punições que tem (1.º estádio). Se a criança tiver, por exemplo, progenitores ou tutores "perturbados/doentes", onde o castigo não depende do comportamento, mas do estado emocional dos mesmos, pode ficar com o seu 1.º estádio comprometido. Não percebe o que é certo ou errado.
Kohlberg descreveu seis estádios e concluiu que poucos chegam ao último estádio: o dos "Princípios Éticos Universais". Os que chegam a este estádio, transcendem sociedades ou leis para encontrarem princípios de igualdade e dignidade para todos.
Recentemente, foram denunciados abusos de menores dentro da Igreja Católica (I.C). A I.C, e bem, abriu a porta à investigação, com uma comissão competentíssima, mas agora está a fazer algo que lembra as famílias referidas anteriormente. Confirmaram que existem casos, mas vão resolver as coisas "ao seu modo" (em vez de castigarem o comportamento do acusado, parecem estar a adiar a tomada de decisão). Ouvi da boca de um bispo, uma tentativa de explicação do comportamento de um dos acusados. Falou de modo incongruente, lembrando os pais acima descritos, que, perante comportamentos graves dos filhos (avaliado como mau por outros educadores) não os puniam/castigavam.
A I.C. não educa para nos desenvolver o 1.º estádio moral de Kohlberg? Ensinando a punir o errado? "Há 100 abusadores/ras no ativo!" disse a comissão.
Vamos permitir que esta instituição (I.C.) que devia estar moralmente desenvolvida, continue como se nada tivesse acontecido? Aconteceu em outros países. Há abusadores/ras que continuam a exercer em nome de Deus quando têm queixas de abuso de menores. Uma das histórias que me arrepiou foi a de uma família que teve conhecimento do abuso do seu menor e não fez nada! A criança foi obrigada a calar, porque o abusador era visto como a "voz de Deus". A ignorância e a "fé cega" que deu jeito ao criminoso, aumentado o seu poder.
Daniel Sampaio (elemento da comissão) disse que "O facto de haver um poder divino, torna mais difícil a revelação do problema".
Sempre houve abusos de menores que nunca foram denunciados, porque, talvez, a maioria dos abusadores são pessoas próximas à vítima. Agora, a I.C. tem denúncias!
Se cúmplices são criminosos, quantos criminosos existem? Assustador…
O Daniel Sampaio alertou, também, para fazerem, rapidamente, investigações em instituições com menores. Investigar é um modo de validar o sofrimento de todas estas vítimas, que confiaram em alguém "muito doente e perturbado com possível desvio da personalidade" e essa pessoa respondeu abusando delas.
Estes crimes não podem ser desculpados! Se um padre ou freira usou o poder de ser "a voz de Deus" para abusar de uma vítima, este poder deve ser rapidamente tirado e o abusador punido.
Um padre/freira que tem um relacionamento amoroso adulto quebra as regras da Igreja, mas ao cometer um abuso a um menor, quebra as regras da sociedade. A vítima merece justiça, porque na verdade é a única que continua a ser punida…
"Se acreditamos num Deus bom porque é que há tanto mal no mundo?" Douglas Hedley