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Artigo de Opinião

6/02/2023 05:37

A faltar 15 jogos e com apenas 45 pontos por disputar, a luz ao fundo do túnel está cada vez mais fraquinha e o impensável poderá mesmo acontecer. O que será catastrófico! O que será exatamente o contrário daquilo que foi prometido aos adeptos do Marítimo. Isto de passar do "colocar a equipa nos lugares cimeiros" e deixá-la na segunda divisão, não deixa de ser tristemente irónico.

O problema é conseguir acreditar que é possível alcançar a manutenção. Sobretudo depois da prestação da equipa em jogos como em Vizela e ontem em Chaves. Não se pode admitir que os jogadores entrem a dormir em jogos que são, todos eles, autênticas finais. Sendo importante a organização tática e técnica da equipa, porém é a atitude e a concentração dos jogadores os elementos mais cruciais para o sucesso de uma equipa. Quando focados nas tarefas em mão, em todos os momentos do jogo, os jogadores estarão mais aptos a dar o seu melhor rendimento durante a partida, o que irá beneficiar todo o coletivo.

Mas o que se vê neste Marítimo? Jogadores desconcentrados e comportamentos inadmissíveis. Lê-se até na postura corporal nos momentos decisivos. Depois é vê-los a correr atrás do prejuízo! Se a montanha já está difícil de subir, nada como cavar mais um buraco para tornar tudo ainda mais difícil.

Com erros de palmatória assim, desconcentrações individuais e coletivas a torto e a direito, e sim, há que dizê-lo, falta de qualidade de alguns dos intérpretes, tudo fica mais difícil. Mas que não seja eu a dizê-lo. Bastará olhar para os números da presente temporada.

Pior defesa e pior ataque, a par do Paços de Ferreira, companheiro nesta caminhada infame. 3 treinadores em 23 jogos oficiais. Apenas três vitórias e quatro empates são o pecúlio até à data. O resto são 18 derrotas, 12 no campeonato. Demonstrativo daquilo que foi o brilhante e "cirúrgico" planeamento desta temporada, e daquilo que tem sido o desespero do tentar procurar qualidade num mercado inflacionado, o Marítimo já utilizou 40 jogadores. Repito, 40 jogadores! E ainda tem, pelo menos, mais um para usar, o reforço de inverno, Félix Correia.

Matematicamente nada está perdido. Se não estamos bem, outros também parecem querer se juntar à festa. Mas a verdade é que um ponto aqui, outro ponto ali, não dará para cobrir a distância que já se abriu. Mas os primeiros a acreditar têm de ser os jogadores. Não basta vir dizer que estão a trabalhar duro e o que grupo está unido e bla, bla, bla, e depois, quando é preciso, é o que se vê. Têm é de acreditar dentro de campo. Porque a forma como se encara o adversário é meio caminho andado para o derrotar!

OS TARZANS DA NOITE. Têm se multiplicado na comunicação social e redes sociais as imagens turbulentas das noites na Madeira. Mas será justo dizer que hoje estes jovens são mais violentos que os seus ascendentes e que hoje a noite é mais perigosa do que antes?

Esta é uma afirmação que muitos, portadores de agendas e interesses políticos, quererão passar com bastante veemência. O problema é que não é correto afirmar que os jovens são mais violentos hoje em comparação com o passado. É verdade que há uma preocupação crescente com a violência entre os jovens, mas é importante notar que a maioria dos jovens não anda, de facto, à pancadaria sempre que pode. Além disso, a perceção de que a violência na noite está aumentando é influenciada por uma cobertura mais ampla dos meios de comunicação e uma maior sensibilidade à questão. E por cá há sempre uma vontade de transformar as noites da Madeira numa selva e os jovens que por cá vivem os seus Tarzans.

Posto isto, é importante que sejam feitos esforços para prevenir a violência entre jovens, mas também é importante evitar estereótipos negativos e reconhecer que a maioria dos jovens não é um potencial homicida, nem a noite na Madeira necessita de intervenção do exército. Se calhar é sim uma oportunidade para abordar um tema muito responsável pelos desacatos e tumultos que se verificam: o álcool e o seu consumo excessivo. Por outro lado, é também uma boa oportunidade para discutir e eventualmente rever os horários de atividade dos estabelecimentos noturnos, que justificam a presença de muita boa gente nas ruas a horas impróprias. Para pensar e mastigar.

Luís Miguel Rosa escreve à segunda-feira, de 2 em 2 semanas

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